Um novo estudo publicado pelo Instituto Centro de Vida (ICV) aponta que, em 11 onze anos, 92% do desmatamento praticado em fazendas de soja em Mato Grosso foi ilegal.
De acordo com o estudo, chamado 'Soja e desmatamento ilegal: estado da arte e diretrizes para um protocolo ampliado de grãos em Mato Grosso', entre agosto de 2008 e julho de 2019, imóveis rurais com cultivo de soja responderam por 20% do desmatamento em Mato Grosso, que é o maior produtor da commodity no Brasil.
Evolução do desmatamento total, legal e ilegal (ha) em mato grosso no período estudado — Foto: ICV
Dos mais de 2,5 milhões de hectares de vegetação nativa perdidos nos últimos 11 anos no estado, 500 mil hectares foram registrados em fazendas de soja. Desse total, 92% foi realizado de forma ilegal, ou seja, sem as autorizações dos órgãos ambientais.
Distribuição do desmatamento ilegal (ha) entre agosto de 2008 e julho de 2019 em imóveis rurais com mais de 25 hectares de soja em 2019 por município — Foto: ICV
A publicação evidencia a concentração da ilegalidade em um número baixo de imóveis rurais: apenas 176 imóveis foram responsáveis por mais da metade de todo o desmatamento ilegal em fazendas de soja no estado. Destes, a maior parte (85%) são grandes imóveis, com área superior a 1,5 mil hectares.
Mais da metade da derrubada ilegal identificada nessas fazendas ocorreu em somente 15 municípios no estado. Oito destes localizados no bioma Amazônia e o restante, no Cerrado.
Distribuição do desmatamento ilegal em imóveis com soja nos biomas Cerrado e Amazônia — Foto: ICV
A análise também apontou que apenas 30% desses imóveis tiveram algum tipo de embargo federal ou estadual, impostos pelo Ibama e pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente, respectivamente. Os embargos são medidas punitivas e preventivas que buscam propiciar a recuperação da área degradada.
Apesar das altas taxas de desmatamento ilegal no estado serem similares para Amazônia e Cerrado, o desmatamento nas fazendas de soja localizadas no Cerrado foi quase o dobro (307,6 mil hectares) em relação à Amazônia, que somou 159,6 mil hectares.
“Esses dados evidenciam o alto grau de ameaça que a expansão da soja associada ao desmatamento ilegal impõe ao Cerrado”, discorre a análise.