O Brasil e a Índia enfrentam tarifas mais altas impostas pelos Estados Unidos após o novo acordo comercial firmado entre Donald Trump e o presidente chinês Xi Jinping. O entendimento, anunciado nesta quinta-feira (31), resultou em redução das tarifas americanas sobre produtos chineses, mas manteve e até ampliou as cobranças sobre exportações brasileiras — que agora superam as taxas aplicadas à China.
No caso indiano, as tarifas, que chegam a 50%, foram uma resposta à manutenção das compras de petróleo russo pelo país, contrariando as sanções de Washington.
Durante encontro com Trump na Malásia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defendeu uma postura diplomática: “O que importa em uma negociação é olhar para o futuro. A gente não quer confusão, quer resultado”.
Trump, por outro lado, declarou que o diálogo foi “muito bom”, mas não garante um acordo com o Brasil no curto prazo. “Eles gostariam de fazer um acordo. Vamos ver — agora mesmo estão pagando cerca de 50% de tarifa”, afirmou. Segundo o vice-presidente Geraldo Alckmin, ainda não há data marcada para uma nova reunião entre os dois países.
O encontro entre Trump e Xi ocorreu na Coreia do Sul e durou quase duas horas — o primeiro desde o retorno do republicano à Presidência, em janeiro. O pacto prevê que Pequim retome a compra de soja americana, mantenha o fluxo de exportação de terras raras e combata o comércio ilegal de fentanil.
Como parte do acordo, os EUA reduziram pela metade as tarifas sobre produtos ligados ao fentanil, de 20% para 10%, e a China suspendeu por um ano os controles de exportação sobre terras raras — um grupo de 17 elementos químicos essenciais à produção de tecnologias avançadas, como smartphones e carros elétricos.
Outros pontos do entendimento incluem:
Suspensão temporária das restrições dos EUA sobre empresas que utilizam tecnologia americana, como fabricantes de semicondutores;
Compra chinesa de 25 milhões de toneladas de soja por ano durante três anos;
Congelamento por um ano de novas tarifas portuárias americanas sobre embarcações ligadas à China;
Cooperação bilateral para reduzir o tráfico de fentanil e seus precursores químicos.
O acordo representa um passo importante na redução das tensões da guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo, mas deixa o Brasil em posição desfavorável, enfrentando agora tarifas mais elevadas que as aplicadas à China.
Com informações da agência Reuters.