Foto: Reprodução
Quarta, 08 de dezembro de 2021 - 13:45:12
Agro tem aumento na safra e empregos, mas sofre com custos de produção
AUMENTO DE EMPREGOS E SAFRA
Setor gerou 117 mil postos de trabalho no país; maior saldo desde 2011

O setor do agronegócio comemorou o aumento na safra e a geração de empregos no Brasil em 2021, mas se preocupa com os custos da produção em 2022. O balanço foi apresentado nesta quarta-feira (8) pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).
 
O presidente da CNA, João Martins, disse que o setor comemora a safra de 280 milhões de toneladas neste ano.  
 
Em coletiva de imprensa, ele citou que os produtores tiveram problemas e foram acusados de serem responsáveis pelo aumento no preço dos alimentos no país.
 
“Foi um aumento forçado pelo mercado externo. Tivemos um aumento bastante significativo na produção, os insumos aumentaram mais de 100%. No entanto, a energia aumentou e todos esses ingredientes forçaram que os alimentos aumentassem no preço. Não deixamos de produzir e fornecer alimento para os brasileiros”, pontuou o presidente.
 
Outro fator que dominou as conversas no ramo do agronegócio foi o embargo da China sobre as exportações de carne bovina. O país brasileiro suspendeu as exportações em 4 de setembro, após detectar dois casos atípicos de doença da vaca louca.
 
“Não foi problema sanitário. Eles sabem disso e o mundo sabe. Nós entendemos que foi uma jogada de mercado. De uma hora para outra, a China deixou de comprar. Mesmo assim, a exportação de carne bovina foi muito maior, em termo de dólar, do que no ano passado”, afirmou Martins.
 
O diretor técnico da CNA, Bruno Lucchi, apresentou dados técnicos no agro. Há uma preocupação com a linha de crédito oferecida ao produtor.

Eles imaginam que 2022 será um ano mais complicado por causa da Selic, que é a taxa básica de juros da economia. Ela está em 9,25% neste ano e tem projeção de chegar a 11,25% em 2022.
 
A taxa de desemprego no país ficou em 13,2% em 2021 e deve ficar em 11,7%. Lucchi afirma que a abertura do comércio e retorno das atividades pós-pandemia tendem a reduzir a taxa.
 
“A importância social do agro: 177 mil postos de trabalho foram abertos no agronegócio neste ano, é o maior saldo desde 2011. As exportações também bateram recorde de 110 bilhões de dólares entre janeiro e novembro”, afirmou.

Da soja ao milho
 
Os produtos mais exportados são: soja, cana-de-açúcar, açúcar, algodão, carne bovina, etanol, milho, farelo de soja, celulose, café e frango.
 
As localidades que mais compram são a China, União Europeia, Estados Unidos, Tailândia e Japão. A presença da Tailândia é novidade para o setor.
 
“O insumo vai ser o principal desafio. O custo de produção da próxima safra será maior. Temos problemas com o preço do combustível, outros problemas logísticos internacionais com os navios que trazem fertilizantes, a taxação de alguns países e o câmbio”, listou.
 
Alguns produtos que começaram a ganhar mais destaque nas exportações brasileiras. Entre eles está o mel, a pimenta do reino, o feijão e o leite em pó.
 
“O preço dos fertilizantes aumentou 16% em 2021. Há perspectiva de faltar o produto na próxima safra? A possibilidade é baixa, mas o preço está mais caro”, disse.
 
Para a diretora de relações internacionais, Lígia Dutra, a diversificação de produtos nas exportações em regiões diferentes chamou a atenção.
 
“Existe abertura para mais produtos do agro na balança comercial. Foram feitos acordos sanitários e, com base neles, o Brasil pôde exportar produtos como maçã, gergelim, sementes, carne bovina e outros. Houve a abertura de mercados para 69 produtos do agro em 30 países diferentes”, listou.
 
O principal comprador do Brasil é a China. Para a CNA, o país deve estreitar relacionamento com os chineses.

Texto/Fonte: Denise Soares-Leia Agora