Aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) planejam recorrer ao mesmo argumento usado pela defesa de Fernando Collor para pedir prisão domiciliar humanitária, caso Bolsonaro seja condenado no inquérito que apura a tentativa de golpe de Estado após a derrota nas eleições de 2022.

Fernando Collor, condenado por corrupção passiva, foi autorizado pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), a cumprir a pena em casa, com base em sua idade avançada (75 anos) e em doenças como Parkinson, apneia do sono e transtorno afetivo bipolar. Moraes citou precedentes anteriores para justificar a decisão.

A expectativa entre aliados e integrantes da Polícia Federal é que a defesa de Bolsonaro adote a mesma linha, argumentando que o ex-presidente tem 70 anos e enfrenta complicações de saúde decorrentes do atentado a faca sofrido durante a campanha presidencial de 2018, que resultou em sete cirurgias.

Nos bastidores do STF, ministros apontam que, se houver condenação, Bolsonaro pode mesmo reunir condições para solicitar o benefício. Investigadores também destacam o risco de aglomeração de apoiadores em qualquer unidade prisional que eventualmente o abrigue, como ocorreu durante a prisão do presidente Lula (PT).

O STF pretende julgar o caso apenas em 2025, para evitar influências no cenário político das eleições presidenciais de 2026.