Foto: Redes Sociais
Wednesday, 12 de November de 2025 - 17:37:21
Amigo e cunhado de prefeito afastado receberam mais de R$ 9 milhões em depósitos em espécie
OPERAÇÃO COPIA E COLA

A Polícia Federal identificou movimentações financeiras que ultrapassam R$ 9 milhões em contas ligadas a dois aliados próximos do prefeito afastado de Sorocaba (SP), Rodrigo Manga (Republicanos). Segundo relatório obtido pelo g1 e pela TV TEM, os depósitos em espécie, realizados de forma fracionada, teriam sido usados para lavar dinheiro oriundo de contratos fictícios de publicidade firmados pela empresa 2M Comunicação e Assessoria, de propriedade da primeira-dama, Sirlange Rodrigues Frate.

A PF apontou que a 2M firmava contratos falsos com entidades e empresas, servindo de canal para repasses ilegais. Foram identificados 3.437 depósitos bancários: 2.221 deles nas contas de Josivaldo Batista de Souza, cunhado de Manga, e 258 nas contas de Marco Silva Mott, amigo do prefeito e apontado como operador do esquema. No total, Josivaldo recebeu R$ 2,9 milhões e Mott, R$ 6,5 milhões.

De acordo com o relatório, a Igreja Cruzada dos Milagres dos Filhos de Deus, também envolvida no caso, teria pago R$ 780 mil à empresa da primeira-dama por supostos serviços de publicidade. A PF sustenta que a entidade religiosa funcionava como intermediária para dar aparência de legalidade ao dinheiro.

As investigações mostram que, em diversas datas de 2021, depósitos fracionados na conta de Josivaldo eram seguidos de transferências para a Cruzada dos Milagres e, em seguida, para a empresa 2M Comunicação. Para os agentes, a sequência comprova a origem ilícita dos valores.

O relatório cita ainda uma “contabilidade paralela” mantida por Josivaldo no bloco de notas do celular, onde ele registrava entradas e saídas de valores com abreviações que identificariam o destino das propinas. Documentos apreendidos indicam que parte do dinheiro era usada para pagar despesas pessoais da família Manga, como mensalidades de faculdade, condomínio, clube e até o custeio de cavalos do prefeito.

A esposa de Josivaldo, Simone, também controlava gastos em anotações feitas à mão, reforçando, segundo a PF, o rastreamento de recursos ilícitos.

A defesa de Rodrigo Manga afirma que a operação da PF é “completamente nula”, alegando ilegalidade na origem da investigação. Já os advogados de Sirlange Rodrigues Frate sustentam que todas as transações são lícitas, declaradas ao Imposto de Renda e correspondentes a serviços prestados.

As defesas de Josivaldo, Simone, Marco Mott e da Igreja Cruzada dos Milagres não comentaram os depósitos específicos, mas negaram participação em atividades ilícitas.

A Operação Copia e Cola, que levou ao afastamento de Manga do cargo, investiga fraudes em contratos públicos na área da saúde e o suposto uso de igrejas e empresas de fachada para desvio de recursos municipais.

Texto/Fonte: G1