Após a expressiva derrota no Congresso Nacional com a derrubada do decreto que aumentava o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu que fará contato direto com os presidentes do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), e da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), para tentar reconstruir pontes e rearticular sua base aliada. A medida foi definida em reunião com assessores do Planalto.

Além da tentativa de diálogo político, a equipe do presidente também cogita recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) para contestar a decisão do Congresso. O argumento jurídico do governo é que decretos presidenciais só podem ser anulados quando há abuso de poder, o que, segundo a avaliação do Planalto, não teria ocorrido neste caso.

A articulação presidencial ocorre após uma votação com placar amplamente desfavorável: 383 deputados votaram pela anulação do decreto, número superior ao já elevado apoio à urgência da matéria, que teve 346 votos contrários ao governo. No Senado, a votação foi simbólica, mas o líder do governo, Jaques Wagner (PT-BA), optou por não pedir verificação de quórum para evitar exposição ainda maior — segundo Alcolumbre, o placar real teria sido de 65 a 15 contra o Planalto.

Assessores de Lula afirmam que ele pretende ligar primeiro para Alcolumbre e depois para Hugo Motta. No entanto, aliados cobram uma ação mais contundente do presidente para reorganizar uma base legislativa considerada "derretida" após o revés.

Durante a sessão, Jaques Wagner adotou um tom conciliador e buscou abrir espaço para uma reaproximação: “A vida segue, o governo seguirá depois de hoje.” Já Alcolumbre foi categórico ao dizer que o decreto “começou ruim e terminou pior”, e que o Planalto ignorou o recado do Congresso, contrário a qualquer aumento de impostos.