Um áudio atribuído a Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, líder máximo do Primeiro Comando da Capital (PCC), provocou uma divisão inédita dentro da facção. Na gravação, Marcola solicita que seu defensor procure um ex-diretor de presídio para depor a seu favor, destacando que, durante uma rebelião no Complexo Penitenciário de Taubaté em 2001, manteve uma relação de respeito com o gestor, a quem chegou a chamar de "pai".
A repercussão do conteúdo abalou a estrutura interna do PCC. Outros líderes da facção, como Vida Loka, Andinho e Soriano, reagiram com desconfiança. Marcola tentou inicialmente deslegitimar o material, alegando que se tratava de um áudio editado ou fora de contexto. Contudo, uma perícia técnica confirmou a autenticidade da gravação.
Diante disso, Vida Loka declarou a exclusão de Marcola do "mundo do crime". A decisão não foi consensual: enquanto alguns líderes passaram a ser ameaçados por defender a ruptura, boa parte dos integrantes que estão em liberdade seguiram apoiando Marcola. Ele, por sua vez, alega estar sendo vítima de calúnia — o que, no código interno da facção, também é considerado crime grave.
A Secretaria da Administração Penitenciária de São Paulo não se manifestou sobre o caso. O episódio expõe uma disputa de poder e lealdade dentro da facção, que há décadas é comandada por Marcola mesmo de dentro do sistema prisional.