Balendra Shah, mais conhecido como Balen, deixou o microfone do rap para se tornar engenheiro civil e, depois, prefeito de Catmandu. Agora, aos 35 anos, o político independente é celebrado pela Geração Z como alternativa de liderança nacional, especialmente após a renúncia do premiê KP Sharma Oli, pressionado por protestos massivos no Nepal.

As manifestações se intensificaram quando o governo bloqueou redes sociais como Facebook, Instagram, YouTube e X, provocando forte reação da juventude. A repressão deixou pelo menos 19 mortos e mais de 100 feridos, entre eles 28 policiais. Com a retomada do acesso às plataformas, multiplicaram-se mensagens pedindo que Balen assuma a chefia de governo. “Querido Balen, agora ou nunca. O Nepal está com você”, escreveu um internauta.

Nas redes, o prefeito defendeu a formação de um governo interino que conduza eleições antecipadas. “O país precisa de sua energia e honestidade de forma permanente, não temporária”, declarou, em mensagem dirigida aos jovens. Ele também ressaltou que não compareceu às marchas porque eram restritas a pessoas com menos de 28 anos, mas destacou que deseja compreender as aspirações da nova geração.

Antes da política, Balen construiu notoriedade como rapper no cenário underground, abordando pobreza, desigualdade e corrupção. Seu maior sucesso, Balidan (“sacrifício”, em nepalês), acumula mais de 7 milhões de visualizações no YouTube. Em 2022, sem apoio dos partidos tradicionais, venceu com folga a eleição para prefeito de Catmandu, fenômeno que ficou conhecido como “efeito Balen” e inspirou outros jovens candidatos independentes.

Na prefeitura, ele lançou políticas sociais, como a criação de clínicas de saúde, cursos profissionalizantes e distribuição gratuita de produtos menstruais. No entanto, enfrentou críticas por medidas consideradas duras, como demolições e remoções de ambulantes. “Para construir algo incrível, precisamos limpar o terreno”, justificou.

Apesar das controvérsias, Balen mantém enorme apelo popular. Seu estilo direto e a constante comunicação com os eleitores o transformaram em símbolo de renovação política. Analistas afirmam que o Nepal vive um momento de inflexão, e o protagonismo do ex-rapper pode marcar o início de uma mudança geracional na liderança do país.