O Banco Mundial reduziu a projeção de crescimento da economia global para 2,3% em 2025, abaixo dos 2,7% estimados em janeiro. O corte reflete um cenário de maior incerteza, aumento do protecionismo comercial e efeitos prolongados de políticas de juros altos. O economista-chefe da entidade, Indermit Gill, alertou que, sem correções, os impactos sobre os padrões de vida globais podem ser severos.
O relatório aponta que, embora a recessão não esteja no horizonte próximo, o ritmo da economia tende a ser mais fraco. A América Latina deve ser especialmente atingida por exportações em queda, preços menores de commodities e instabilidade política.
Efeitos regionais e tarifas dos EUA
As novas tarifas comerciais impostas pelos EUA — incluindo sobretaxas de 25% sobre importações fora do T-MEC — são apontadas como fator direto na desaceleração do México, cuja projeção de crescimento para 2025 caiu para 0,2%. O país depende fortemente das exportações para os EUA, especialmente fora do tratado.
No Brasil, apesar do leve aumento na previsão de crescimento para 2,4% em 2025 (ante 2,2%), o avanço será inferior ao observado em 2024, de 3,4%. O Banco Mundial aponta um consumo mais contido e fraco desempenho dos investimentos como razões para o resultado.
Inflação e juros seguem no radar
O relatório destaca que, com a inflação ainda próxima ao teto das metas nos países latino-americanos — incluindo Brasil e Colômbia —, há pouco espaço para cortes de juros, o que dificulta a retomada mais firme do consumo e do investimento.
Entre os países da região com melhor desempenho projetado estão Paraguai (3,7%), República Dominicana e Costa Rica (ambos com 3,5%). Na outra ponta, Bolívia (1,2%) e Equador (1,9%) terão crescimento mais fraco.
A entidade ainda vê riscos adicionais caso o crescimento dos EUA, projetado em 1,4%, desacelere mais do que o previsto, ou se houver perda de tração na China, cuja estimativa de avanço permanece em 4,5%. Esses dois países são peças-chave para o comércio global e, particularmente, para as economias sul-americanas.
Além disso, o Banco Mundial alertou para possíveis impactos negativos na América Central e Caribe com a queda nas remessas de migrantes — que em alguns casos representam até 20% do PIB local.