Uma indígena grávida, de 17 anos, viveu uma noite assustadora, na última terça-feira (28). Ela passou mal, começou a perder líquido amniótico e teve dificuldades para conseguir atendimento médico por causa de uma enchente na Aldeia Pukanu, em Luciara, a 1.180 km de Cuiabá.
Ela passou a noite em claro na embarcação no rio Tapirapé à espera de ajuda.
Takýnă Kanela afirma que foi para a aldeia com a intenção de passar Natal com a família. "Porém, ninguém esperava que chovesse tanto, a ponto de inundar nossa estrada. Foram dias de muitas chuvas, jamais esquecerei, quase perdi meu bebê e e quase perdi a vida por falta de estrada", conta.
Ela foi passar o Natal com a família na Aldeia Nova Pukanu, em Luciara, choveu muito e uma enchente impossibilitou a saída do barco motorizado.
Indígenas percorreram rio por 5 horas para conseguir chegar à cidade e buscar atendimento médico — Foto: Reprodução
Já era noite, Takýnă conta que por volta de 22h do dia 28 deixou a aldeia com um barco motorizado, sentindo dores e perdendo líquido. No entanto, por conta da cheia, ficaram perdidos a noite toda.
Só conseguiram se localizar na manhã do dia seguinte (29). "Sofri muito, e sofro até hoje porque meu estado de saúde não está nada bem", conta.
Um caso semelhante aconteceu na quarta (5), quando a indígena Rosivane Lira dos Santos, de 27 anos, que também está grávida, enfrentou pela mesma situação. Ela passou mal na noite dessa terça (4) e não teve como sair da aldeia.
"Ficamos ilhados, sem estradas só tendo acesso a cidade pelo rio. Hoje gastamos aproximadamente cinco horas de motor para conseguir chegar à cidade", disse.
Takýnă buscou atendimento médico em Porto Alegre do Norte e Rosivane foi atendida na cidade de Confresa, ambas no norte Araguaia.
Chuva agravou a situação da aldeia nesta quarta-feira (5) — Foto: Reprodução
A situação segue grave na aldeia e uma equipe da Defesa Civil está na região, onde deve continuar no local ainda nesta semana.
A população de Luciara está sofrendo com as enchentes por causa das fortes chuvas. Os indígenas da aldeia Nova Pukanu estão ilhados desde que o nível do Rio Tapirapé aumentou.
Casas foram alagadas, hortas perdidas e os moradores estão preocupados com a poluição das cisternas de água potável.