O Brasil deu início a negociações bilaterais com os Estados Unidos para tentar reduzir as tarifas comerciais elevadas durante a gestão de Donald Trump. A primeira reunião entre representantes dos dois países ocorreu na segunda-feira (27), com participação do ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, do secretário-executivo do MDIC, Márcio Rosa, e do assessor especial da Presidência, embaixador Audo Faleiro.

Segundo Rosa, as partes definiram um cronograma de encontros para tratar prioritariamente dos setores mais afetados pelas taxas, com o objetivo de construir um acordo satisfatório para ambos. No entanto, ainda não há datas confirmadas para novos encontros.

Durante o encontro, o presidente Lula destacou que não existem temas proibidos nas negociações e se disse disposto a debater questões como minerais críticos, terras raras, etanol e açúcar. Já o ex-presidente Trump afirmou que gostaria de avançar em um acordo, mas atualmente os Estados Unidos aplicam tarifas de cerca de 50% sobre determinados produtos brasileiros.

Outro ponto discutido foi a possibilidade de suspensão temporária das tarifas enquanto as negociações avançam, similar ao que ocorreu com México e Canadá durante acordos anteriores. Até o momento, porém, não há definição sobre se ou quando essas taxas seriam suspensas.

Lula também apresentou dados sobre o superávit comercial do Brasil com os EUA, mostrando que o país exportou mais do que importou nos últimos 15 anos, e argumentou que o motivo utilizado por Trump para impor tarifas globais não se aplica ao Brasil. O superávit brasileiro foi de US$ 410 bilhões em 15 anos, incluindo quase US$ 22 bilhões somente em 2024.

O encontro entre os líderes teve tom amistoso e abriu espaço para visitas recíprocas futuras, embora nenhuma data tenha sido definida. Empresários brasileiros e entidades como a Confederação Nacional da Indústria (CNI) e a Amcham Brasil consideraram o diálogo um avanço concreto, reforçando a expectativa de que um acordo de redução das tarifas possa ser concluído nas próximas semanas.

Segundo Vieira, a meta é concluir a negociação bilateral rapidamente, tratando setor por setor da tributação americana ao Brasil, garantindo previsibilidade e maior competitividade para as exportações brasileiras.