O ex-presidente do Banco do Brics, Marcos Troyjo, afirmou nesta terça-feira (6) que Estados Unidos e China vivem atualmente uma “Guerra Fria 2.0”. A declaração foi feita durante evento da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), em parceria com o Estadão, sobre geopolítica e seus impactos na agricultura tropical.
Troyjo avaliou que, apesar do cenário tenso entre as duas maiores potências globais, o Brasil tende a não ser diretamente afetado, uma vez que boa parte das exportações brasileiras estão fora da lista de produtos sujeitos ao tarifaço norte-americano. “A economia mundial está mais perigosa, mas não para o Brasil”, afirmou.
O presidente da CNA, João Martins, ponderou que o impacto das tarifas anunciadas por Donald Trump ainda é incerto, mas enxerga o momento como uma janela de oportunidade que o país deve aproveitar.
O pesquisador Oliver Stuenkel, do Carnegie Endowment e de Harvard, disse que a China está mais preparada emocional e economicamente para enfrentar uma disputa prolongada com os EUA. “Os americanos não compram a ideia de Trump de que é preciso sofrer agora para melhorar depois”, afirmou.
A senadora e ex-ministra da Agricultura Tereza Cristina comentou a Lei da Reciprocidade Econômica, aprovada em abril, que permite ao Brasil retaliar países que imponham sanções unilaterais. Segundo ela, a medida ainda não será usada contra os EUA, mas poderá ser aplicada caso as tarifas de Trump avancem: “Vai depender do juízo de Trump”, disse.