Dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) mostram que, até agora, 589 pessoas foram vítimas de envenenamento criminoso em 2025, com 15 mortes e 9 sobreviventes com sequelas. A maioria dos casos resultou em recuperação sem consequências permanentes. Embora os números ainda não estejam consolidados, eles já superam a média anual de anos anteriores.

Desde 2007, foram registrados 11.630 casos de intoxicação proposital, com um crescimento significativo na última década: em 2015, 577 pessoas foram envenenadas, enquanto em 2024 o número chegou a 1.141. Apesar do aumento nos casos, o número de mortes se manteve estável, com 220 óbitos no período.

Os agentes tóxicos mais utilizados em 2025 são medicamentos (300 casos) e raticidas, como o chumbinho (38 casos). Entre os casos mais recentes de grande repercussão, Ana Paula Veloso Fernandes, investigada como serial killer, teria usado raticida para matar quatro pessoas nos últimos cinco meses.

Para especialistas, o aumento dos envenenamentos pode estar relacionado a fatores sociais e instabilidade comportamental, além da facilidade de acesso às substâncias. Juliana Sartorelo, toxicologista da Abramede, defende mais fiscalização e políticas de prevenção e saúde mental, além da disponibilidade de antídotos e notificação de casos para mapear padrões e orientar políticas públicas.

A média histórica indica 28 internações mensais por envenenamento criminoso no país entre 2015 e 2024, com ao menos 24 horas de internação. Casos recentes também envolveram envio de alimentos envenenados, como chocolates e bolos, motivados por vingança, ciúmes ou disputas familiares, resultando em mortes ou graves intoxicações.

O Ministério da Justiça reforçou que o Sistema de Alerta Rápido (SAR) está apto a notificar órgãos responsáveis e agir rapidamente diante de aumento expressivo de casos, garantindo resposta imediata à população.