O Brasil encerrou 2024 com o menor índice de desigualdade de renda já registrado, segundo dados do IBGE. No mesmo período, o rendimento médio da população aumentou, e cerca de 17 milhões de pessoas deixaram a situação de pobreza entre 2022 e 2024. O país também saiu do Mapa da Fome da ONU após três anos, reforçando um cenário de recuperação social e econômica.
Apesar dos avanços, a desigualdade estrutural ainda preocupa. Pesquisa mostra que 77% dos brasileiros consideram o país “muito desigual”. Em 2024, o 1% mais rico da população teve renda média 30,5 vezes superior à metade mais pobre, revelando que a concentração de renda ainda é profunda.
No episódio mais recente do podcast “O Assunto”, apresentado por Victor Boyadjian, o economista Marcelo Neri, diretor do FGV Social, analisa os fatores por trás da melhora e os desafios para o futuro. “Os dados objetivos mostram que a renda nunca esteve tão alta e a pobreza nunca esteve tão baixa”, afirma Neri.
Segundo o especialista, o desempenho do mercado de trabalho e o fortalecimento dos programas sociais, como o Bolsa Família, foram determinantes para a redução da pobreza. “Crescimento é fundamental, mas é preciso combater a desigualdade usando os instrumentos que já temos”, explica.
Ele destaca que políticas públicas consistentes são essenciais para evitar retrocessos. “Se a gente fizer política de combate à pobreza, a desigualdade cai”, conclui.
O episódio também reflete sobre o papel do crescimento econômico no enfrentamento da desigualdade. Nos anos 2000, o PIB per capita do país cresceu 32%, a pobreza caiu pela metade e a desigualdade recuou significativamente. Agora, após duas crises sucessivas, o Brasil tem a oportunidade de consolidar políticas voltadas à melhoria da renda e à inclusão social.
“O Assunto”, podcast diário do g1, é produzido por Mônica Mariotti, Amanda Polato, Sarah Resende, Luiz Felipe Silva, Thiago Kaczuroski e Carlos Catelan. Desde sua estreia, em agosto de 2019, acumula mais de 168 milhões de downloads e 14,2 milhões de visualizações no YouTube.