O Brasil possui 2,4 milhões de pessoas com diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista (TEA), segundo dados do Censo Demográfico de 2022 divulgados pelo IBGE. Essa é a primeira vez que o censo inclui informações específicas sobre o autismo, conforme previsto pela Lei nº 13.861/2019.
Os números mostram que os homens representam a maioria dos diagnosticados (1,4 milhão contra 1 milhão de mulheres), especialmente entre 0 e 44 anos. A maior concentração está entre crianças de 5 a 9 anos (2,6%), seguida pelas faixas de 0 a 4 anos (2,1%) e 10 a 14 anos (1,9%). Segundo o IBGE, isso reflete diagnósticos mais precoces impulsionados pela maior conscientização de pais e responsáveis.
Quanto à distribuição racial, pessoas brancas compõem a maior parte dos diagnósticos (1,3%), seguidas por amarelas (1,2%), pretas (1,1%), pardas (1,1%) e indígenas (0,9%).
A taxa de escolarização entre pessoas com autismo (36,9%) é maior que a da população geral (24,3%), embora o IBGE ressalte que os dados dizem respeito apenas à matrícula formal, sem avaliar a qualidade da educação oferecida.
Entre os brasileiros com 6 anos ou mais, cerca de 760,8 mil estudantes foram diagnosticados com TEA, representando 1,7% do total.
O IBGE também apurou que 14,4 milhões de brasileiros de 2 anos ou mais convivem com algum tipo de deficiência (7,3% da população). As mulheres são maioria (8,3 milhões), com maior prevalência no Nordeste (8,6%).
As deficiências mais comuns incluem dificuldade permanente para enxergar (4%) e para andar ou subir degraus (2,6%).
A taxa de analfabetismo entre pessoas com deficiência chega a 21,3%, quatro vezes maior que entre pessoas sem deficiência (5,2%). Mais da metade (63,1%) das pessoas com deficiência de 25 anos ou mais não concluíram o ensino fundamental, evidenciando o descompasso entre o direito à educação inclusiva — garantido por leis como a LBI de 2015 — e a realidade.
Apesar disso, houve avanços: só em 2022, cerca de 200 mil alunos com autismo foram matriculados em escolas comuns.
Os dados do censo reforçam a necessidade de políticas públicas mais efetivas para garantir o acesso pleno à educação e à cidadania da população com deficiência, especialmente autistas, cuja presença nas escolas cresce ano a ano.