Foto: Divulgação/Arteris
Friday, 11 de July de 2025 - 15:01:00
Brasil tem metade das unidades de conservação inabitadas, mas 12 milhões vivem nas demais
MAIS DE 12 MILHÕES DE BRASILEIROS VIVEM EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO

Mais de 12 milhões de brasileiros vivem atualmente em unidades de conservação ambiental, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A grande maioria, cerca de 99%, está concentrada em áreas classificadas como de uso sustentável, onde a presença humana é permitida e regulada, como as Áreas de Proteção Ambiental (APA) e Reservas Extrativistas.

O país conta, ao todo, com 2.365 unidades de conservação. Destas, 1.227 – o equivalente a 52% – não possuem nenhum morador. As áreas habitadas são, em sua maioria, voltadas para o uso sustentável, sendo a cidade de Brasília um dos principais exemplos, localizada na APA do Planalto Central. Esta é, inclusive, a unidade de conservação mais populosa do Brasil, com 602 mil habitantes.

Já nas áreas de proteção integral, onde o controle da presença humana é mais rigoroso, vivem cerca de 132 mil pessoas. Nessas regiões – que incluem parques nacionais e estaduais, estações ecológicas, monumentos naturais e reservas biológicas – a ocupação não é necessariamente ilegal. Indígenas, quilombolas e comunidades tradicionais formam parte considerável dessa população.

O Distrito Federal lidera o ranking proporcional de moradores em unidades de conservação. Segundo o IBGE, 39% da população local – ou um em cada quatro habitantes – reside em áreas com algum tipo de proteção ambiental. A APA do Planalto Central, que se estende também por Goiás, abriga a capital do país e concentra a maior população entre todas as unidades de conservação.

O perfil racial das pessoas que vivem nessas áreas também chama atenção. Os dados mostram que essas populações são, proporcionalmente, mais negras e indígenas do que a média nacional. Do total, 51% se identificam como pardos (ante 45% no país), 12% como pretos (ante 10%), 36% como brancos (ante 44%) e 1% como indígenas (ante 0,8%). A presença de quilombolas é ainda mais significativa: 2% vivem em unidades de conservação, o que representa um em cada cinco quilombolas do Brasil.

No entanto, essa convivência com a natureza não se dá sem desafios. Em 2022, aproximadamente 4,7 milhões de pessoas nessas áreas viviam em condições precárias no que diz respeito ao abastecimento de água, esgotamento sanitário ou coleta de lixo. Isso representa 40,34% dos moradores dessas regiões – proporção bem superior à média nacional, de 27,28%.

Essas condições precárias incluem a ausência de água encanada até o domicílio, falta de esgotamento sanitário ligado à rede pública ou a fossas sépticas, além da inexistência de serviços regulares de coleta de lixo. O cenário reforça a complexidade de conciliar a conservação ambiental com o bem-estar das populações que vivem nesses territórios protegidos.

As unidades de conservação são divididas em duas categorias principais. As de proteção integral têm como foco principal a preservação ambiental, restringindo fortemente a presença humana. Nessa categoria estão as Estações Ecológicas, Reservas Biológicas, Parques (nacionais, estaduais e municipais), Monumentos Naturais e Refúgios de Vida Silvestre.

Já as de uso sustentável visam conciliar a conservação da natureza com o uso humano, e incluem Florestas Nacionais, Reservas Extrativistas, Reservas de Desenvolvimento Sustentável, Reservas de Fauna e Reservas Particulares do Patrimônio Natural. Em menor escala, estão as áreas de relevante interesse ecológico, onde a ocupação humana é quase nula.

Texto/Fonte: G1