Cafés em cidades turísticas da Espanha, como Barcelona, passaram a adotar uma nova prática: cobrar mais caro conforme o tempo que o cliente permanece sentado. No bar Caffè Perfetto, por exemplo, o preço de um café no terraço começa em 1,30 euro, mas sobe para 2,50 euros após 30 minutos, e pode chegar a 4 euros (cerca de R$26) se a pessoa ficar mais de uma hora no local.
A tabela de preços, compartilhada por uma cliente nas redes sociais, viralizou e provocou debates. Enquanto alguns internautas apoiaram a iniciativa, comparando-a a estacionamentos, outros criticaram duramente o modelo. O proprietário do café, Massimo, defende a decisão como uma forma de evitar ocupações prolongadas sem consumo: “Se a pessoa fica muito tempo sem consumir, o negócio não se sustenta.”
A moradora Maria Moreno Albiol, autora do post viral, lamenta o impacto da gentrificação e da turistificação no bairro da Barceloneta. “Esses lugares já não são acessíveis para quem vive e trabalha aqui”, afirma, mencionando a alta nos preços dos produtos e da moradia.
O aumento expressivo do turismo na Espanha ajuda a explicar o fenômeno. O país recebeu quase 94 milhões de visitantes em 2024, sendo o segundo destino mais procurado do mundo, atrás apenas da França. Para lidar com o fluxo, outros cafés também começaram a impor restrições, especialmente para clientes que usam laptops por longos períodos.
Em Madri, embora as cobranças extras ainda não tenham se espalhado, já há locais que limitam o uso de notebooks a duas horas durante a semana e proíbem-nos nos fins de semana. A prática, segundo a Organização de Consumidores da Catalunha (OCU), é legal desde que informada de forma visível antes da permanência do cliente.
A brasileira Thais Cardoso, que mora em Madri e trabalha em cafeterias ocasionalmente, acredita que essa tendência deve se firmar: “Não gosto, mas entendo. Os bares também precisam sobreviver.” Exemplos semelhantes já existem em outros países, como o Ziferblat em Moscou, onde o cliente paga exclusivamente pelo tempo que permanece no local.
A mudança no modelo de cobrança levanta um debate sobre o equilíbrio entre turismo, trabalho remoto e a sustentabilidade dos negócios locais.