A deputada federal Carla Zambelli, licenciada e presa na Itália, participou remotamente nesta quarta-feira (10) de uma audiência na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados, em meio ao processo que pode resultar na perda de seu mandato. Zambelli foi condenada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por envolvimento na invasão aos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), ação que não possui mais recursos.

Durante a audiência, Zambelli pôde questionar Walter Delgatti, também condenado na mesma ação. Ela rebateu acusações feitas pelo hacker, alegando que ele mentiu ao afirmar que a deputada teria ordenado a inserção de mandados de prisão falsos nos sistemas do CNJ e que ele teria se hospedado em sua residência em Brasília. Zambelli chegou a chamar Delgatti de “mitomaníaco” e questionou sua sanidade, mencionando o tratamento do hacker para Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH).

A deputada afirmou que o processo se baseia em “disse-me-disse” e destacou que quem deve acreditar é a Justiça, em referência às versões conflitantes de Delgatti e dela. Emocionada, Zambelli chorou ao receber mensagens de apoio de colegas parlamentares durante a videoconferência. A deputada Bia Kicis (PL-DF) reforçou que a parlamentar “não está sozinha” e anunciou que uma comitiva deve visitá-la na Itália na próxima semana.

Zambelli foi presa em julho em Roma, após ser localizada em um apartamento da cidade. A defesa afirma que ela se entregou espontaneamente, embora registros policiais indiquem cerco ao prédio. A deputada está licenciada do cargo há 127 dias, e o período de afastamento vai até 2 de outubro.

O processo sobre a perda do mandato de Zambelli será analisado inicialmente pela CCJ, e o resultado será submetido ao plenário da Câmara. Para que a deputada perca o cargo, é necessário o apoio de ao menos 257 deputados, a maioria absoluta da Casa.