O número de notificações de intoxicação por metanol no Brasil chegou a 225, de acordo com balanço divulgado pelo Ministério da Saúde neste domingo (5). Entre esses registros, 16 casos foram confirmados, incluindo duas mortes, enquanto 209 seguem em investigação. São Paulo lidera o levantamento, concentrando 192 notificações — 85% do total nacional —, com 14 casos confirmados (duas mortes) e 178 em investigação (sete mortes).
As cidades paulistas com registros de suspeita incluem Araçatuba, Cajuru, Carapicuíba, Cubatão, Diadema, Embu, Embu das Artes, Ferraz de Vasconcelos, Guarulhos, Itapecerica da Serra, Itaquaquecetuba, Jacareí, Jundiaí, Limeira, Mauá, Osasco, Ribeirão Preto, Rio Claro, Santo André, Santos, São Bernardo do Campo, São José dos Campos, São Paulo, São Vicente, Taboão da Serra e Vinhedo. Barrinha e Itu tiveram notificações, mas os casos foram descartados após análise.
Os especialistas alertam que o risco maior está em bebidas destiladas, como vodca e gin, sobretudo as incolores. Nenhuma bebida pode ser considerada totalmente segura no momento. Cerveja, vinho e chope apresentam menor risco, mas devem ser consumidos com atenção, sempre adquiridos em estabelecimentos confiáveis e com nota fiscal.
Detectar metanol visualmente é impossível, pois ele não altera cor, odor ou sabor da bebida. Autoridades recomendam observar lacres e rótulos suspeitos, desconfiar de preços muito baixos e inutilizar garrafas vazias para impedir o reaproveitamento por falsificadores, conforme orientações da Abrasel.
Os sintomas iniciais da intoxicação podem se assemelhar a uma ressaca comum, como náusea, tontura e dor de cabeça. Porém, entre 12 e 24 horas, surgem sinais mais graves, incluindo visão borrada e respiração acelerada. Em até 48 horas, a intoxicação pode causar cegueira irreversível, falência de órgãos e morte. A rapidez no tratamento é crucial para aumentar as chances de recuperação.
O antídoto padrão para intoxicação por metanol é o fomepizol, que precisou ser importado emergencialmente e terá 2,5 mil unidades disponíveis até o fim da próxima semana. O etanol farmacêutico também é utilizado como alternativa, retardando os efeitos do metanol ao competir no fígado, embora seja menos eficaz.
As investigações apontam que fábricas clandestinas podem estar utilizando metanol para higienizar garrafas falsificadas antes do envase. Mais de mil garrafas já foram apreendidas em operações conjuntas entre polícia e Vigilância Sanitária. O Instituto de Criminalística analisa primeiramente a autenticidade da embalagem e depois o líquido, sendo que parte das amostras testou positivo para metanol.
Para evitar que garrafas de destilados sejam reutilizadas por falsificadores, recomenda-se descartar tampas separadamente, rasgar ou remover rótulos antes de jogar fora e encaminhar embalagens a pontos de coleta ou locais de reciclagem autorizados. Segundo o diretor da Abrasel, Gabriel Pinheiro, há um mercado paralelo de compra dessas garrafas, e projetos de lei poderão tornar obrigatória a destruição das embalagens após o consumo.