O Conselho Estadual de Pesca (Cepesca) publicou nesta segunda-feira (23) uma resolução que regulamenta a descaracterização do peixe abotoado (ou armal) por pescadores profissionais artesanais em Mato Grosso. A medida, válida nas bacias dos rios Paraguai, Amazônia e Araguaia-Tocantins, busca facilitar o transporte, o armazenamento e a comercialização da espécie.

O abotoado, que pode alcançar até 70 cm e pesar mais de 7 kg, possui placas ósseas e espinhos dorsais que dificultam seu acondicionamento em caixas térmicas, além de vísceras que, se não retiradas imediatamente, comprometem a qualidade da carne.

A nova regra permite que o peixe seja processado no formato “tronco limpo com ou sem panceta” — sem cabeça, espinhos laterais, ferrões, vísceras, nadadeiras e cauda — desde que a pele (couro) seja mantida. O peso do peixe descaracterizado será contabilizado na cota semanal de 125 quilos permitida ao pescador profissional e deve ser registrado na Declaração de Pesca Individual (DPI).

A regulamentação é fruto de um grupo de trabalho criado após solicitação de uma colônia de pescadores de Sinop. O grupo foi formado por representantes da Sema, UFMT, Unemat, Federação dos Pescadores, Associação Xaraés, Instituto Caracol, setor de turismo de pesca e pesquisadores do Campus de Sinop.

As colônias de pescadores ficarão responsáveis por coletar dados mensais sobre a prática, conforme questionários da Secretaria de Estado de Meio Ambiente. O monitoramento inclui o volume de peixe descaracterizado, número de pescadores envolvidos e outras informações essenciais à gestão da atividade.

O abotoado exerce papel importante no equilíbrio ecológico dos rios, ao atuar no controle populacional de outras espécies.