Foto: Reprodução/TV Gazeta
Monday, 12 de May de 2025 - 12:48:29
Chá de flor de café conilon pode abrir novo mercado artesanal
PESQUISA EXPLORA CHÁ DA FLOR DE CAFÉ CONILON NO ES

Pesquisadores da Fazenda Experimental da Ufes, em São Mateus (ES), identificaram que as flores do cafeeiro conilon podem ser utilizadas para preparar chá, aproveitando a posição do estado como o segundo maior produtor nacional de café. O objetivo é criar um nicho artesanal que estimule novos investimentos em pesquisa e promova práticas mais sustentáveis.

Fábio Parteli, professor da Ufes, explica que, embora o estudo ainda esteja em estágio inicial, os resultados até agora são promissores. A equipe avaliou 50 variedades de café e submeteu amostras da flor para análise sensorial no laboratório da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Lá, foi feita a prova de xícara e identificadas características olfativas agradáveis, indicando potencial comercial.

“O aroma doce e marcante da flor, percebido por quem passa junto às lavouras, motivou nosso desafio: testar se a flor do conilon também rende um chá de qualidade, como já ocorre com a arábica no Rio de Janeiro”, disse Parteli. Segundo ele, a pesquisa apontou viabilidade, mas ressalta que a colheita ainda enfrenta dificuldades em escala, já que não existe um mercado estruturado para o produto.

O engenheiro agrônomo Gleison Oliosi, cujos familiares cultivam café em Nova Venécia, comenta que as técnicas e tecnologias desenvolvidas na Ufes são levadas para propriedades familiares e cooperativas vizinhas. Além do chá, estudos avaliam o sombreamento adequado para otimizar o desenvolvimento das plantas e aumentar a produtividade.

Entre as variedades testadas, o conilon bicudo se destacou pela alta resistência: tolera ventos fortes, apresenta vigor superior e produtividade até 10% maior que o clone A1, amplamente utilizado no estado. Outro estudo em andamento investiga o café Guarani, caracterizado por elevado teor de cafeína. “Empresas já demonstraram interesse e requisitaram amostras, o que mostra o apelo comercial dessas cultivares”, afirmou Parteli.

A seleção de novas plantas ocorre a partir de lavouras de sementes, onde produtores isolam pés com características superiores – como porte, resistência e tamanho de grão – para clonar e avaliar em campo. Na fazenda da Ufes, esse trabalho é apoiado por um banco de germoplasma a céu aberto com mais de 50 acessos de café, fonte de variabilidade genética para futuros melhoramentos.

Com o avanço das pesquisas, os cientistas esperam refinar técnicas de colheita e secagem das flores, além de aprofundar análises químicas que comprovem a sustentabilidade econômica e ambiental da produção de chá de flor de conilon. O projeto segue em desenvolvimento, com novas cooperações previstas entre Ufes, UFRJ e potenciais parceiros da indústria e do agronegócio capixaba.

Texto/Fonte: G1