Pesquisadores desenvolveram um fungo do gênero Metarhizium geneticamente modificado para liberar um aroma adocicado semelhante ao das flores, atraindo mosquitos antes de eliminá-los. A descoberta, publicada na revista Nature Microbiology, surge como alternativa biológica aos pesticidas químicos, que têm perdido eficácia devido à resistência dos insetos.
O segredo do microrganismo está na substância longifolene, usada em perfumes humanos. O composto atrai mosquitos adultos em busca de néctar. Ao entrarem em contato com o fungo, os insetos são infectados e morrem em poucos dias. Testes de laboratório indicaram mortalidade de 90% a 100%, mesmo na presença de aromas concorrentes, como flores naturais e cheiro humano.
Segundo Raymond St. Leger, coautor do estudo, o fungo é seguro para humanos e animais, além de ser barato de produzir em substratos simples como fezes de galinha, cascas de arroz e restos de trigo, tornando-o acessível para países mais afetados por doenças transmitidas por mosquitos.
Diferente dos inseticidas químicos, a estratégia biológica dificulta que os mosquitos evoluam para evitá-la, já que ignorar o aroma significaria comprometer sua sobrevivência. Pesquisadores também estudam adaptar o fungo para emitir outros aromas caso surjam populações menos sensíveis ao longifolene.
Com a expansão dos mosquitos transmissores para novas regiões devido ao aquecimento global, os cientistas pretendem testar o fungo em experimentos de campo em larga escala antes de buscar aprovação regulatória, visando criar um arsenal diversificado de ferramentas para combater doenças e salvar vidas em diferentes partes do mundo.