Uma cirurgia robótica realizada entre o Kuwait e o Brasil entrou para o Guinness World Records como a operação feita à maior distância geográfica entre médico e paciente. O procedimento, ocorrido em setembro, foi conduzido pelo cirurgião Leandro Totti, que, do Hospital Aldiaber, no Kuwait, operou um paciente com hérnia inguinal no Hospital da Cruz Vermelha, no Paraná — separados por 12 mil quilômetros.
Segundo Totti, o principal objetivo do projeto era comprovar a segurança e a viabilidade da telecirurgia em ambiente de pesquisa e ensino. Durante a preparação, a equipe percebeu que a distância entre os hospitais poderia representar um recorde mundial. “Um dos profissionais da telecomunicação comentou: ‘Eu acho que essa telecirurgia que vocês vão fazer é a mais longa do planeta’”, relembrou o médico.
A operação foi bem-sucedida e manteve um atraso (delay) de apenas 0,194 segundo entre o comando do médico e a resposta do robô. “Foi muito seguro para o paciente”, destacou Totti.
A cirurgia foi registrada oficialmente pelo Guinness Book, reconhecendo o feito inédito da equipe brasileira e consolidando um marco para a medicina digital e a robótica cirúrgica.
A primeira cirurgia robótica realizada em território brasileiro aconteceu anos antes, com o gaúcho Paulo Feijó de Almeida, de 73 anos, diagnosticado com câncer de próstata. O procedimento foi conduzido pelo urologista Rafael Ferreira Coelho, especialista em cirurgia robótica, a partir do Hospital Nove de Julho, em São Paulo.
O sistema robótico utilizado é composto por duas partes: uma estrutura física junto ao paciente — com braços mecânicos e pinças cirúrgicas — e um console de controle remoto, operado pelo médico, semelhante a um joystick de videogame.
A experiência, tanto nacional quanto internacional, reforça o avanço da telemedicina e mostra como a tecnologia pode aproximar pacientes brasileiros de especialistas localizados em qualquer parte do mundo.