Após o anúncio das tarifas extras de Donald Trump sobre produtos brasileiros, produtores de mel orgânico do Piauí enfrentaram uma suspensão inesperada nos embarques para os Estados Unidos, principal mercado consumidor de sua produção. Nesta segunda-feira (14), a Central de Cooperativas Apícolas do Semiárido Brasileiro (Casa Apis) informou que 95 toneladas de mel foram liberadas para embarque no Porto do Pecém (CE), após apelos feitos aos clientes americanos.

Segundo Sitônio Dantas, presidente da Casa Apis, a suspensão havia sido uma surpresa, pois os negócios com os clientes nos EUA já duram mais de 15 anos. A carga foi dividida entre diferentes navios com rotas variadas, o que significa que alguns lotes poderão chegar antes da possível vigência da nova tarifa, prevista para 1º de agosto, enquanto outros poderão desembarcar após essa data.

“A maioria dos clientes exige que a entrega ocorra antes do dia 1º, mas alguns aceitam o risco de desembarcar depois, atendendo à nossa solicitação”, disse Sitônio.

Os contratos comerciais permanecem ativos, e há previsão de exportar cerca de mil toneladas adicionais de mel até o fim do ano, somando-se às mil já enviadas entre janeiro e junho.

O presidente da Casa Apis destacou que o setor já se prepara para negociar o impacto do tarifaço, que, caso mantenha a cobrança em 50%, pode inviabilizar os negócios. “O consenso é dividir as despesas entre exportadores e importadores para minimizar os prejuízos”, explicou.

Além da pressão econômica, os produtores enfrentam os efeitos da estiagem, que pode reduzir a produção em 40% em 2025, agravando os desafios do setor.

Os Estados Unidos são responsáveis por 80% do consumo do mel brasileiro, e o Piauí, apesar de não ser o maior produtor, lidera as exportações para o país norte-americano em 2024.