A empresa americana Colossal Biosciences anunciou um novo projeto ambicioso: trazer de volta à vida o moa gigante, ave extinta nativa da Nova Zelândia que podia atingir até 3,6 metros de altura. O plano, que deve levar entre cinco e dez anos, recebeu investimento de mais de US$ 15 milhões — cerca de R$ 83 milhões — financiado pelo cineasta Peter Jackson, diretor de O Senhor dos Anéis e entusiasta da espécie.
O moa gigante desapareceu há cerca de 600 anos, pouco após a chegada dos primeiros humanos à Nova Zelândia, devido à caça predatória. Para ressuscitá-lo, os cientistas da Colossal pretendem extrair DNA de fósseis e editá-lo em aves modernas aparentadas, como a ema. Os embriões modificados seriam incubados e criados em áreas de reintrodução fechadas.
A iniciativa está sendo realizada em parceria com o Centro de Pesquisa Ngāi Tahu, da Universidade de Canterbury, e já tem apoio de líderes culturais maori. Para o arqueólogo Kyle Davis, o projeto também reacende o interesse nas mitologias e tradições ancestrais do país. Ele destacou registros de arte rupestre que retratam moas em locais como o Vale Pyramid.
Divisão entre os cientistas
Apesar do entusiasmo popular, especialistas expressam preocupações. O ecologista Stuart Pimm, da Universidade Duke, questiona a viabilidade de reintroduzir uma espécie extinta no ecossistema atual. Segundo ele, além dos desafios técnicos, o moa poderia representar riscos ecológicos significativos.
Outro ponto crítico entre cientistas é o dilema ético: há o receio de que a “desextinção” desvie recursos e atenção de ações urgentes de conservação. A Nova Zelândia ainda lida com perda acelerada de biodiversidade, causada principalmente por espécies invasoras e destruição de habitats.
Histórico da empresa
A Colossal já havia anunciado outros feitos anteriormente. Em abril, divulgou ter conseguido recriar o lobo-terrível, espécie extinta há 10 mil anos. Dois filhotes, chamados Rômulo e Remo, nasceram em outubro de 2024, seguidos por Khaleesi, em janeiro de 2025. A empresa também afirmou ter criado um camundongo geneticamente modificado com pelos semelhantes aos do mamute-lanoso.
Segundo a Colossal, esses projetos são parte de um esforço para restaurar espécies desaparecidas e, com isso, corrigir danos causados por ações humanas ao longo da história. A proposta, no entanto, ainda divide a comunidade científica e levanta discussões sobre o futuro da conservação.