Em 1998, o fotógrafo Sebastião Salgado e sua esposa, Lélia Wanick, iniciaram uma transformação ambiental significativa ao decidirem reflorestar a Fazenda Bulcão, em Aimorés (MG), propriedade da família de Salgado. A área, antes degradada, tornou-se exemplo de recuperação da Mata Atlântica e de desenvolvimento rural sustentável na bacia do Rio Doce.

O projeto culminou no plantio de cerca de 2,7 milhões de árvores, restaurando aproximadamente 600 hectares de floresta. A ação também impulsionou a criação do Instituto Terra, ONG ambiental fundada pelo casal. A região voltou a abrigar centenas de espécies nativas da fauna e flora, muitas delas ameaçadas de extinção.

No Instagram, o Instituto Terra prestou homenagem ao fotógrafo após sua morte:
"Sebastião foi muito mais do que um dos maiores fotógrafos de nosso tempo. [...] Sua lente revelou o mundo e suas contradições; sua vida, o poder da ação transformadora."

A Fazenda do Bulcão tornou-se uma Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) e referência em restauração ecossistêmica. A área, antes incapaz de manter sequer pastagens, virou floresta jovem e abrigo de vida silvestre.
"É um modelo para o Brasil e talvez para o mundo", afirmou Salgado em entrevista ao Jornal Nacional, em 2021.

O processo de reflorestamento começa com a coleta de sementes, muitas vezes feita por especialistas em rapel. Após seleção em laboratório e conservação em câmeras frias, as mudas passam nove meses sendo preparadas antes de serem plantadas em mutirões durante a estação chuvosa.
"Cuidamos com muito carinho", explicou Isabela Salton, então diretora-executiva do Instituto Terra.

A recuperação da vegetação também reativou a fauna local.
"Quando chegam os felinos e os macacos, é porque toda a cadeia alimentar está pronta", disse Lélia Wanick ao Globo Repórter em 2021.

Além do reflorestamento, o casal liderou o projeto Olhos D’Água, voltado à recuperação das nascentes do Rio Doce. Em 2015, Sebastião ressaltou a necessidade de união para enfrentar os desafios ambientais:
"Nós podemos fazer, mas com todos juntos. É um problema nosso", disse ao Jornal Hoje.

O trabalho de Sebastião Salgado deixa um legado que ultrapassa a fotografia: um exemplo de compromisso com a vida e o planeta.