Durante uma sessão solene no Senado Federal em comemoração aos 35 anos da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o presidente da instituição, Edegar Pretto, anunciou que a companhia estocará arroz a partir de maio como forma de evitar a desvalorização do produto. A medida foi tomada diante do aumento expressivo da produção nacional do grão neste ano.
Segundo a Conab, a produção da safra 2024/2025 foi de 12,1 milhões de toneladas, um crescimento de 14,7% em comparação ao ciclo anterior, que registrou 10,5 milhões de toneladas. Pretto destacou que, após 13 anos consecutivos de redução na área plantada com arroz, houve um crescimento de 7% em 2024, o que resultou em uma produção 14% superior à de 2023. “A resposta foi imediata. Serão mais de 12 milhões de toneladas que vamos colher”, afirmou.
Esse aumento na produção foi impulsionado por linhas de crédito oferecidas pela Conab em parceria com o governo federal, voltadas à compra direta de arroz cultivado por agricultores familiares. A companhia negociou R$ 162,2 milhões em contratos de opção de venda (COV), correspondentes a 91,7 mil toneladas do cereal. Com isso, os produtores puderam vender o arroz contratado a partir do final de abril, com preço 20% acima do mínimo estipulado.
Além da política de compras, a companhia também anunciou que ampliou sua capacidade de armazenamento em 43%. Isso foi possível por meio de aportes financeiros da Itaipu Binacional, que destinou R$ 55 milhões à reforma de três unidades armazenadoras nos estados do Paraná e Mato Grosso do Sul. A Conab também contou com o apoio do BNDES, que viabilizou uma permuta de imóveis inativos há anos para fortalecer a infraestrutura logística da empresa.
A Conab, vinculada ao Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, tem entre suas funções a gestão de estoques públicos, a realização de leilões de compra e venda de produtos agrícolas, além do monitoramento contínuo das safras.
Em 2024, a companhia esteve no centro de uma polêmica ao promover um leilão para compra de arroz importado, com o objetivo de conter o aumento dos preços provocado pelas enchentes no Rio Grande do Sul, principal estado produtor do grão. O processo acabou anulado após surgirem suspeitas de irregularidades.
Um dos destaques regionais dessa safra foi Rondônia, que se sobressaiu como um dos principais produtores de arroz do ciclo 2024/2025, contribuindo significativamente para o cenário de oferta elevada que motivou a decisão da Conab de formar estoques estratégicos.