O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, anunciou que não participará do encontro direto com a Rússia em Istambul devido à ausência do presidente Vladimir Putin, que enviou uma delegação composta por oficiais de baixo escalão e vice-ministros. Zelensky considerou a composição da equipe russa uma demonstração de desrespeito pessoal, classificando-a como “decorativa”. Segundo ele, “não teria nada para fazer lá”.

A delegação russa é liderada pelo assessor presidencial Vladimir Medinsky e inclui vice-ministros da Defesa e Relações Exteriores, além de outros assessores e especialistas, mas sem participação de integrantes do primeiro escalão do governo de Moscou. O Kremlin confirmou que Putin não irá a Istambul, decisão que irritou Zelensky, que já havia feito apelos para a presença do líder russo.

Zelensky ressaltou a necessidade de um cessar-fogo incondicional e um comprometimento real da Rússia antes de avançar nas negociações de paz. Caso o cessar-fogo seja estabelecido, ele afirmou que não será necessário um encontro pessoal com Putin. O presidente ucraniano também acusou Moscou de não demonstrar interesse em encerrar o conflito e pediu o aumento das sanções econômicas contra a Rússia.

O presidente turco Recep Tayyip Erdogan, que atua como mediador, reiterou a importância de negociações diretas e disse que Istambul está preparada para receber os líderes ucraniano e russo “quando eles estiverem prontos”.

Além disso, o presidente dos EUA, Donald Trump, que chegou a manifestar interesse em participar das negociações, confirmou que também não estará presente. O Kremlin, contudo, não descartou um futuro encontro bilateral entre Trump e Putin.

A reunião, marcada por confusões quanto ao horário e à composição das delegações, seria o primeiro encontro direto entre Zelensky e Putin desde o início da guerra, em fevereiro de 2022. A ausência do presidente russo evidencia, para a Ucrânia, a falta de vontade política de Moscou para buscar a paz.

Em nota, o chefe do gabinete de Zelensky, Andrii Yermak, afirmou que a recusa de Putin em ir à Turquia é um sinal claro de que a Rússia não quer acabar com o conflito. Enquanto isso, a Rússia se diz pronta para negociações sérias, mas duvida da disposição da Ucrânia em dialogar.

Istambul sediou a última reunião direta entre os países no começo da guerra, e Erdogan reforçou que está à disposição para mediar um acordo duradouro. Contudo, as negociações seguem em clima de incerteza e tensão.