A Comissão Europeia apresentou um acordo de livre comércio com o Mercosul, considerado o maior já firmado pela UE em termos de redução tarifária. O executivo europeu argumenta que o pacto é essencial para diversificar os laços comerciais, reduzir a dependência da China e compensar perdas provocadas por tarifas impostas pelo presidente dos EUA, Donald Trump.
No entanto, a proposta enfrenta forte oposição, liderada pela França, o maior produtor de carne bovina da União Europeia, que classificou o acordo como "inaceitável". Agricultores europeus protestaram, alegando que a medida permitiria importações baratas de commodities sul-americanas, como carne bovina, que não atenderiam aos padrões de segurança alimentar e ambiental da UE. Grupos ambientalistas, incluindo a organização Friends of the Earth, também criticam o pacto, chamando-o de "destruidor do clima".
O acordo agora precisa ser aprovado pelo Parlamento Europeu e pelos governos da UE, exigindo 15 dos 27 membros com uma representação de 65% da população europeia. Não há garantia de aprovação, especialmente se Polônia e Itália se unirem à França na oposição. Partidos Verdes e de extrema direita também são críticos no Parlamento.
Defensores do acordo, incluindo Alemanha e Espanha, destacam o Mercosul como um mercado crescente para automóveis, máquinas e produtos químicos europeus, além de fonte de minerais essenciais para a transição verde, como o lítio metálico. O pacto também abriria oportunidades agrícolas, oferecendo tarifas mais baixas para produtos europeus, como queijos, presuntos e vinhos.
Desde a reeleição de Trump, em novembro do ano passado, a União Europeia vem acelerando negociações comerciais com países como Índia, Indonésia e Emirados Árabes Unidos, além de aprofundar laços com parceiros existentes, como Reino Unido, Canadá e Japão. A expectativa é de que Mercosul e UE possam anunciar em breve a finalização do acordo.