A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) anunciou que iniciará em maio a estocagem de arroz no país para evitar a desvalorização do grão, em meio ao aumento expressivo da produção nacional. A medida foi confirmada pelo presidente da Conab, Edegar Pretto, durante sessão solene no Senado Federal em comemoração aos 35 anos da instituição, que contou com a presença de autoridades, servidores e representantes do setor agrícola.
De acordo com o presidente, a safra de arroz 2024/2025 terá um aumento de 14% em relação ao ciclo anterior, superando 12 milhões de toneladas. Esse crescimento ocorre após mais de uma década de retração na área cultivada e é resultado da ampliação de 7% no plantio, impulsionada por linhas de crédito voltadas à agricultura familiar e por contratos de opção de venda de arroz. “Teremos uma produção 14% maior que no ano passado. A resposta foi imediata”, destacou Pretto.
A Conab já negociou R$ 162,2 milhões em contratos de opção de venda, o equivalente a 91,7 mil toneladas do cereal. Esses contratos permitem a aquisição antecipada do arroz com pagamento de 20% acima do preço mínimo. A iniciativa visa garantir renda aos pequenos produtores e evitar uma possível retração do mercado com a chegada da nova safra.
Para viabilizar a estocagem, a companhia aumentou sua capacidade de armazenamento em 43%, graças a investimentos da Itaipu Binacional e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Segundo Pretto, foram obtidos R$ 55 milhões da Itaipu para reforma de unidades armazenadoras no Paraná e em Mato Grosso do Sul, além de uma permuta de imóveis inativos com o BNDES.
O anúncio da estocagem ocorre meses após a Conab ter sido alvo de controvérsias envolvendo um leilão de compra de arroz importado, realizado para conter a alta de preços causada pelas enchentes no Rio Grande do Sul. O processo acabou anulado após suspeitas de irregularidades.
A Conab, vinculada ao Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, é responsável pela gestão de estoques públicos, realização de leilões e monitoramento de safras. A decisão de estocar o arroz nacional visa não apenas proteger os preços pagos aos produtores, mas também garantir o abastecimento diante de incertezas climáticas e mercadológicas.