Com a morte do papa Francisco em 21 de abril, aos 88 anos, a Igreja Católica vive um momento de transição. Durante seu pontificado de 12 anos, ele se destacou por uma atuação reformista, aproximando-se de grupos marginalizados e reforçando a missão da Igreja entre os pobres. Agora, com a Sé Vacante em vigor, um novo papa deve ser escolhido em breve, provavelmente nos próximos dois dias.
A escolha está entre cardeais de diferentes continentes e linhas doutrinárias. Entre os favoritos, há representantes da ala progressista, que seguem os passos de Francisco, e conservadores, que mantêm uma visão mais tradicional.
Jean-Marc Aveline (França)
O cardeal de Marselha, de 66 anos, é considerado próximo do pensamento de Francisco. Conhecido por sua postura descontraída, empatia com imigrantes e diálogo com muçulmanos, Aveline é também um teólogo respeitado, com formação em filosofia e doutorado em teologia. Nascido na Argélia e filho de imigrantes espanhóis, ele é o primeiro cardeal francês cotado ao papado desde o século 14. Organizou um evento relevante sobre o Mediterrâneo em 2023 com presença de Francisco.
Péter Erdő (Hungria)
Aos 72 anos, o húngaro é visto como uma figura conservadora, mas com habilidade diplomática. Teve papel central no esforço de reevangelização da Europa secularizada. Apesar de um episódio de divergência com Francisco durante a crise migratória de 2015, mais tarde alinhou-se à defesa dos refugiados. Jurista canônico, foi o cardeal mais jovem ao ser nomeado, com 51 anos.
Mario Grech (Malta)
Natural da ilha de Gozo, o maltês de 68 anos ocupa atualmente o cargo de secretário-geral do Sínodo dos Bispos. Inicialmente associado ao conservadorismo, ele se tornou um dos principais defensores das reformas do papa Francisco. Em 2014, defendeu maior acolhimento a fiéis LGBTQIA+, ganhando elogios do pontífice.
Juan Jose Omella (Espanha)
Com 79 anos, o arcebispo de Barcelona é um defensor fervoroso da justiça social. Vive com simplicidade e dedicou parte da carreira ao trabalho missionário e a organizações de combate à pobreza. Recebeu o barrete cardinalício de Francisco em 2016, em gesto visto como aprovação de sua linha pastoral.
Pietro Parolin (Itália)
Italiano de 70 anos, atua como secretário de Estado do Vaticano desde 2013, sendo um dos mais próximos colaboradores de Francisco. Diplomata de carreira, teve atuação relevante na Venezuela e nas negociações com China e Vietnã. Embora discreto nas disputas ideológicas da Igreja, criticou o casamento homoafetivo, chamando-o de “derrota para a humanidade”.
Luis Antonio Gokim Tagle (Filipinas)
Tagle, apelidado de "Francisco Asiático", tem 67 anos e vem de uma família filipina com raízes chinesas. Arcebispo de Manila até 2019, foi transferido para o Vaticano e nomeado líder do Dicastério para a Evangelização. Defensor da justiça social e da evangelização global, representa a crescente importância da Ásia na Igreja.
Joseph Tobin (Estados Unidos)
O cardeal de 73 anos, natural de Detroit, é o mais velho de 13 irmãos e já falou abertamente sobre sua recuperação do alcoolismo. Conhecido por sua postura inclusiva, especialmente em relação à comunidade LGBTQIA+, também ganhou notoriedade por sua gestão transparente de escândalos sexuais e enfrentamentos com políticas migratórias dos EUA.
Leonardo Ulrich Steiner (Brasil)
Natural de Santa Catarina e com 74 anos, foi o primeiro cardeal da região amazônica. Teólogo e filósofo, atuou como bispo no Mato Grosso antes de se tornar arcebispo de Manaus. Sua trajetória inclui forte engajamento em educação e pastoral social, além de posições alinhadas às preocupações ambientais de Francisco.
Peter Turkson (Gana)
Aos 76 anos, Turkson é visto como um potencial primeiro papa da África Subsaariana. Filho de um carpinteiro e uma feirante, estudou em seminários em Gana e Nova York. Com longa carreira no Vaticano, presidiu o Conselho Justiça e Paz e se destacou em temas como direitos humanos e mudanças climáticas.
Matteo Maria Zuppi (Itália)
Arcebispo de Bolonha, o italiano de 69 anos é associado ao estilo pastoral de Francisco e chamado de "Padre Matteo" por sua proximidade com os fiéis. Conhecido por usar bicicleta nas ruas da cidade, lidera a Igreja Italiana desde 2022. No entanto, enfrenta críticas por respostas lentas a denúncias de abusos sexuais.
Com o conclave prestes a ser realizado, a escolha do próximo papa deverá sinalizar se a Igreja continuará o legado progressista de Francisco ou se adotará uma linha mais tradicional.