A COP30, conferência do clima da ONU, começou oficialmente nesta segunda-feira (10) em Belém (PA), reunindo cerca de 50 mil pessoas entre diplomatas, líderes, cientistas, ativistas e empresários. O encontro marca um novo capítulo na busca global por soluções concretas diante da crise climática.
Realizada anualmente desde 1995, a COP — sigla em inglês para Conferência das Partes — reúne 197 países signatários da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima. O objetivo é conter o aquecimento global e estabilizar as emissões de gases de efeito estufa. Em 2025, o evento ocorre em meio a recordes de calor: outubro foi o terceiro mais quente da história, segundo o observatório europeu Copernicus.
As negociações em Belém estão centradas em três eixos principais: transição energética, adaptação ao clima e financiamento. O Brasil pretende liderar o debate sobre o chamado “mapa do caminho” — um roteiro político e técnico com etapas e prazos para substituir petróleo, gás e carvão por fontes renováveis. A meta é garantir uma transição justa e equilibrada, considerando as diferentes capacidades de cada país.
Outro tema de destaque é o Objetivo Global de Adaptação (GGA), parte do Marco UAE–Belém para Resiliência Climática Global, que busca medir o quanto as nações estão se preparando para os impactos do clima. Já no campo financeiro, o desafio é viabilizar o Roteiro de Baku a Belém, plano que pretende mobilizar US$ 1,3 trilhão anuais até 2035, com mais doações e menos endividamento.
O governo brasileiro aposta em duas frentes para reafirmar o protagonismo nacional: o Compromisso de Belém pelos Combustíveis Sustentáveis (Belém 4X), que pretende quadruplicar o uso global de combustíveis limpos até 2035, e o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), mecanismo proposto pelo Brasil para remunerar países que mantêm suas florestas em pé.
Apesar da ambição, o país enfrenta críticas. Ambientalistas alertam que o investimento em combustíveis sustentáveis não deve servir de pretexto para adiar a redução do uso de petróleo. O recente licenciamento de blocos na Margem Equatorial gerou questionamentos sobre coerência entre discurso e prática.
A presidência da conferência está a cargo do embaixador André Corrêa do Lago, responsável por mediar negociações entre mais de 190 países e conduzir a redação do texto final. A diretora-executiva Ana Toni coordena a execução logística e o cumprimento das agendas.
Entre os principais resultados esperados estão o fortalecimento das metas climáticas nacionais (NDCs) e a consolidação de um roadmap global de transição energética. Atualmente, apenas um terço das emissões globais está coberto por compromissos oficiais — muito abaixo do necessário para limitar o aquecimento a 1,5°C.
Para especialistas, a COP30 precisa ser a conferência da implementação. “Os discursos são bem-vindos, mas é preciso transformá-los em compromissos formais e metas verificáveis”, resume Márcio Astrini, do Observatório do Clima.