O corpo da publicitária Juliana Marins, de 26 anos, foi liberado na manhã desta quarta-feira (2) pelo Instituto Médico-Legal (IML) do Rio de Janeiro, após a realização de uma nova autópsia. A análise foi conduzida por dois peritos da Polícia Civil, na presença da irmã da vítima, Mariana Marins, de um legista federal e do professor de medicina legal Nelson Massini, contratado pela família para acompanhar o procedimento.
A liberação do corpo ocorreu por volta das 11h. A família agora aguarda o resultado do laudo oficial, que deve demorar alguns dias devido à necessidade de exames complementares. “A autópsia foi feita, a nova autópsia aqui no Brasil foi feita. Agora a gente tá na expectativa do laudo que não sai hoje, demora alguns dias por conta de alguns exames que têm que ser feitos na minha irmã”, explicou Mariana.
Mariana agradeceu o apoio recebido e reforçou sua indignação com a demora no resgate. Juliana sofreu um acidente na Indonésia e só foi localizada quatro dias depois, tempo considerado crucial para a possibilidade de sobrevivência. “Eu acredito que ela sofreu muita negligência nesse resgate. Então, a gente vai continuar atrás, né, das providências.”
Ela também manifestou alívio por ter o corpo da irmã de volta ao Brasil. “A gente tinha medo é que Juliana ficasse desaparecida. Então, apesar de o resgate não ter acontecido no tempo hábil, para a Juliana ter saído com vida, pelo menos a gente tá com Juliana de volta no Brasil. É muito importante. Eu sei como é importante para todas as famílias quando tem esse desfecho. Quando a pessoa fica desaparecida é muito ruim, né?”
O velório de Juliana será realizado no Cemitério Parque da Colina, em Pendotiba, Niterói, e será aberto ao público entre 10h e 12h.
Enquanto se despede da jovem, a família busca respostas para lacunas deixadas pelas autoridades indonésias. A primeira autópsia, realizada em Bali, não esclareceu o horário exato da morte. O pai de Juliana relatou que as autoridades locais se comprometeram a rever os protocolos de segurança no parque onde ocorreu o acidente, mas ainda não apresentaram esclarecimentos conclusivos.
A Defensoria Pública da União (DPU) já acionou a Polícia Federal para que seja instaurado um inquérito no Brasil. Em ofício, a DPU destacou que a certidão de óbito emitida pela Embaixada do Brasil em Jacarta foi baseada em informações incompletas fornecidas pela autópsia indonésia.
Para a defensora pública federal Taísa Bittencourt, é essencial esclarecer com precisão a data e horário da morte. “A família necessita de confirmação da data e horário da morte, a fim de apurar se houve omissão na prestação de socorro pelas autoridades indonésias”, argumenta.
Sobre a primeira autópsia, legistas locais afirmaram que a morte de Juliana teria ocorrido em menos de 20 minutos após o acidente, devido à gravidade dos ferimentos. “Os indícios mostram que a morte foi quase imediata. Devido à extensão dos ferimentos, fraturas múltiplas e lesões internas em praticamente todo o corpo, incluindo órgãos do tórax”, explicou um dos médicos.
A família, no entanto, critica a forma como essas informações foram divulgadas. Segundo Mariana, os parentes foram chamados ao hospital para receber o laudo, mas souberam dos detalhes antes pela imprensa. “Caos e absurdo. Minha família foi chamada no hospital para receber o laudo, mas, antes que eles tivessem acesso a esse laudo, o médico achou de bom tom dar uma coletiva de imprensa para falar para todo mundo que estava dando o laudo antes de falar para minha família. É absurdo atrás de absurdo e não acaba mais.”
A chegada do corpo ao Brasil foi acompanhada por uma prima de Juliana, a mesma que havia viajado com o pai, Manoel Marins, até a Indonésia para acompanhar os trâmites de repatriação. A família segue em busca de justiça e esclarecimentos sobre as circunstâncias da tragédia.