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Monday, 03 de November de 2025 - 11:08:43
Damaris passou seis anos presa preventivamente e foi absolvida em agosto deste ano
JOVEM PRESA INJUSTAMENTE MORRE DE CÂNCER DOIS MESES APÓS ABSOLVIÇÃO

Damaris Vitória Kremer da Rosa, de 26 anos, morreu em 26 de outubro de 2025, apenas 74 dias após ser absolvida pelo júri de todas as acusações que a vinculavam ao homicídio de Daniel Gomes Soveral, ocorrido em novembro de 2018 em Salto do Jacuí, no Rio Grande do Sul. Ela havia sido presa preventivamente em agosto de 2019, permanecendo detida por seis anos, apesar de alegar problemas de saúde, incluindo sangramentos e dores abdominais.

O caso foi registrado inicialmente como homicídio seguido de ocultação de cadáver. A defesa de Damaris afirmou que ela apenas relatou a um dos envolvidos um suposto estupro cometido pela vítima, e que ele teria reagido matando Daniel. Ao longo do processo, pedidos de revogação da prisão preventiva foram negados, mesmo diante de indicativos de fragilidade física da ré. Somente em março de 2025, diante do diagnóstico de câncer, a prisão foi convertida em domiciliar com monitoramento eletrônico.

O júri de agosto de 2025 reconheceu a falta de provas e absolveu Damaris de todas as acusações. A absolvição, entretanto, não lhe deu tempo de se recuperar: ela faleceu em decorrência do câncer que vinha tratando, após passar por hospitais em Santa Cruz do Sul e Rio Pardo, onde recebeu quimioterapia e radioterapia.

O Tribunal de Justiça do RS destacou que os pedidos de soltura anteriores não apresentaram comprovação médica suficiente. Já o Ministério Público afirmou que a ré só foi liberada quando a doença foi devidamente comprovada pela defesa. Durante os anos de detenção, Damaris passou por várias penitenciárias no estado, enfrentando restrições mesmo em meio ao tratamento oncológico.

O caso levanta questionamentos sobre o uso da prisão preventiva e o impacto da demora da Justiça sobre a saúde e a vida de réus que ainda aguardam julgamento.

Texto/Fonte: G1