Foto: Reprodução/TV Globo
Thursday, 26 de June de 2025 - 14:49:32
Defesa de Mauro Cid acusa advogados ligados a Bolsonaro de tentativas constrangedoras para unificar representação e obter informações sigilosas
ADVOGADOS DE BOLSONARO TERIAM TENTADO DEFESA CONJUNTA COM DELATOR, APONTA RELATÓRIO AO STF

Relatório entregue ao Supremo Tribunal Federal (STF) pela filha do delator Mauro Cid revela que advogados do ex-presidente Jair Bolsonaro tentaram, em três ocasiões entre agosto e dezembro de 2023, aproximar-se de sua família com o objetivo de promover uma defesa conjunta. Segundo a declaração, os advogados, entre eles Eduardo Kuntz e Paulo Bueno, queriam trocar equipes de defesa para concentrar a representação sob uma única estratégia, ligada a aliados do ex-mandatário.

Agnes, filha de Mauro Cid, descreve o incômodo das abordagens, que chegaram até a envolver sua participação em competições de hipismo, modalidade esportiva que pratica. Ela narra que, durante encontros e contatos telefônicos, foram oferecidas defesas alternativas para seu pai, com promessas de que seriam feitas por "advogados melhores" ligados a Bolsonaro.

Além disso, a defesa do delator pede que a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) investigue possíveis infrações éticas cometidas por Kuntz e Fábio Wajngarten — este último ex-secretário de Comunicação do governo Bolsonaro, que teria mantido contatos insistentes com a família de Cid.

Gabriela, esposa do delator, também relatou que recebeu ligações frequentes de Wajngarten, chegando a atender apenas por orientação da filha de 14 anos, que era igualmente alvo dessas tentativas de contato. A defesa do delator entregou ao STF o telefone da filha para perícia, alegando que Kuntz teria solicitado que ela apagasse mensagens e limpasse o celular regularmente, numa suposta tentativa de obstruir as investigações.

Mauro Cid nega ter mantido qualquer contato com Kuntz, assim como desconhece a origem do perfil “Gabrielar702”, mencionado no processo. Ele acredita que as tentativas de aproximação visavam obter informações sobre sua colaboração premiada e prejudicar as investigações, utilizando a menor de idade como intermediária.

Até o momento, os advogados envolvidos preferiram não se manifestar oficialmente, e Wajngarten não retornou os contatos da reportagem.

Texto/Fonte: G1