Líderes governistas estão elaborando um dossiê que liga o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro a fraudes nos descontos de benefícios de aposentados e pensionistas. Segundo investigações, durante a gestão Bolsonaro, associações foram autorizadas a não realizar as devidas validações dos descontos, adiando a checagem para 2023 e permitindo que fraudes se mantivessem no sistema.

O dossiê inclui um organograma que conecta assessores da Secretaria de Previdência Social e do INSS à criação de associações suspeitas de envolvimento em fraudes, como a Associação dos Aposentados Mutualistas para Benefícios Coletivos (Ambec). A Ambec, que iniciou com apenas três filiados, cresceu exponencialmente, passando para 600 mil membros e alcançando um faturamento de R$ 30 milhões mensais. A entidade, embora negue irregularidades, está sob investigação pela Polícia Federal.

Esse material será utilizado em uma possível Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) sobre o INSS, embora o governo atual tente evitar sua instalação retirando apoio de deputados governistas que assinaram o documento. Caso não consiga, a CPMI poderá ser instaurada, já que há precedentes do Supremo Tribunal Federal (STF) garantindo a instalação de CPIs pela minoria no Legislativo.

A oposição, por sua vez, refuta as alegações de que o governo Bolsonaro tenha impedido a validação dos descontos, apontando que a suspensão foi uma medida proposta por deputados do PDT e PSB, com apoio de parlamentares do ex-presidente durante a votação da MP 871.