O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil cresceu 0,4% entre abril e junho deste ano, registrando o 16º trimestre consecutivo de alta e alcançando o maior patamar desde o início da série histórica em 1996. O resultado, divulgado pelo IBGE, confirmou a tendência de desaceleração da atividade econômica diante da política monetária restritiva, marcada por juros elevados desde setembro do ano passado.
Na análise por setores, os Serviços puxaram o crescimento com alta de 0,6%, alcançando um recorde no período. O desempenho foi influenciado principalmente pelas atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados (1,2%), além de informação e comunicação (1,2%), transporte, armazenagem e correio (1%) e outras atividades de serviços (0,7%). O comércio, por sua vez, ficou estável, e as áreas ligadas à administração pública recuaram 0,4%.
Do lado da Indústria, o destaque foi a expansão da Indústria Extrativa, que avançou 5,4% no trimestre, impulsionada sobretudo pela extração de petróleo e gás, responsável por 80% do resultado. Em contrapartida, houve retração em eletricidade e gás, água, esgoto e gestão de resíduos (-2,7%), nas Indústrias de Transformação (-0,5%) e na Construção (-0,2%).
A coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis, explicou que setores dependentes de crédito, como construção civil e transformação, foram mais impactados pelo ambiente de juros elevados. Ela ressaltou, no entanto, que segmentos ligados a tecnologia e comunicação seguem em ritmo forte. “A atividade de Informação e Comunicação tem mostrado resultados muito positivos, com crescimento de 40% desde 2020”, afirmou.
Na Agropecuária, houve leve recuo de 0,1% no trimestre, após um salto de 12,2% no início do ano. Ainda assim, o setor acumula alta de 10,1% em 12 meses, sustentado por colheitas recordes de soja e milho. “O primeiro trimestre foi excepcional e o segundo reflete uma base de comparação muito forte”, observou Palis.
Pelo lado da demanda, o Consumo das Famílias avançou 0,5%, amparado pela melhora do mercado de trabalho, pela elevação dos salários totais e pelas políticas de transferência de renda. Já o Consumo do Governo recuou 0,6% e os Investimentos tiveram retração de 2,2%, reflexo da queda na construção e na produção de bens de capital. No setor externo, as exportações cresceram 0,7%, enquanto as importações caíram 2,9%.
O Ministério da Fazenda destacou que o desempenho acima do esperado reforça a revisão da projeção de crescimento para 2025. A Secretaria de Política Econômica (SPE) elevou a estimativa para 2,5%, citando a resiliência do consumo das famílias. “As expectativas do mercado vêm se aproximando das nossas projeções, que refletem a força do mercado de trabalho”, afirmou o secretário Guilherme Mello.