A economia da China registrou um crescimento de 5,2% no segundo trimestre de 2025, em comparação com o mesmo período do ano anterior, mesmo diante do recrudescimento das tarifas comerciais impostas pelos Estados Unidos sob a gestão de Donald Trump. O dado confirma a expectativa de analistas consultados pela agência AFP.
Apesar do avanço do Produto Interno Bruto (PIB), as vendas no varejo — indicador-chave do consumo doméstico — cresceram apenas 4,8%, abaixo da projeção de 5,3% feita por economistas ouvidos pela Bloomberg. O desempenho fraco nesse setor reforça a dificuldade do governo em impulsionar a demanda interna.
Segundo Sheng Laiyun, vice-diretor do Departamento Nacional de Estatísticas da China, a economia nacional "resistiu à pressão" e apresentou uma “melhora constante apesar dos desafios”. Ele destacou que produção e demanda cresceram de forma estável, o emprego se manteve, a renda familiar aumentou e os setores ligados à inovação registraram avanços.
A recuperação chinesa ocorre em meio a um cenário geopolítico complexo. Desde que reassumiu a presidência dos EUA, em janeiro, Trump retomou sua política de tarifas contra a China, afetando diretamente as exportações chinesas, hoje fundamentais para o crescimento econômico do país asiático.
Pequim criticou a postura americana, com o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Lin Jian, dizendo que “coerção e pressões não resolvem os problemas”. O comentário foi feito em meio às tensões diplomáticas sobre o papel da China na guerra entre Rússia e Ucrânia.
Apesar das sanções, as exportações chinesas surpreenderam positivamente. Em junho, cresceram 5,8% na comparação anual e 32,4% em relação a maio, segundo dados da Administração Geral de Alfândega. As importações também superaram expectativas, avançando 1,1% — o primeiro aumento no ano.
O oficial da alfândega Wang Lingjun afirmou que a trégua comercial com os EUA foi “duramente conquistada” e ressaltou que “o caminho correto é o diálogo e a cooperação”.
Apesar dos resultados favoráveis, especialistas alertam que a desaceleração pode ganhar força no segundo semestre. “Os dados provavelmente superestimam a força do crescimento”, avaliou Zichun Huang, economista da Capital Economics. Ele aponta que a tendência é de enfraquecimento das exportações e perda de fôlego do estímulo fiscal, o que pode frear o ritmo da expansão chinesa.