A Eletrobras anunciou nesta quarta-feira (15) a venda de sua participação na Eletronuclear para a Âmbar Energia, braço da J&F Investimentos, por R$ 535 milhões. Com a transação, a Âmbar passará a deter 68% do capital total e 35,3% do capital votante da companhia, que continuará sob controle do governo federal, por meio da ENBPar.
A operação ocorre em meio ao delicado momento financeiro da Eletronuclear, que enfrenta desequilíbrio nas contas e risco de insolvência, conforme alertou o Ministério de Minas e Energia. A estatal tem enfrentado dificuldades para custear o projeto Angra 3 e honrar compromissos com bancos.
O negócio, assessorado pelo BTG Pactual, ainda depende de aval dos órgãos reguladores. A Eletrobras informou que o processo competitivo de venda começou em 2023 e que a transação ajudará a melhorar seu perfil de risco e liberar capital.
Pelo acordo, a Âmbar também assumirá as responsabilidades anteriormente atribuídas à Eletrobras, como garantias prestadas à Eletronuclear e a integralização de debêntures firmadas com a União no início do ano, no valor de R$ 2,4 bilhões.
A Eletronuclear é responsável pela operação das usinas Angra 1 (640 MW) e Angra 2 (1.350 MW), além do projeto em desenvolvimento de Angra 3 (1.405 MW).
Para a Âmbar, a aquisição amplia seu portfólio de geração, que já inclui usinas solares, hidrelétricas e termelétricas movidas a biodiesel, biomassa, biogás e gás natural.
“A energia nuclear combina estabilidade, previsibilidade e baixas emissões — qualidades essenciais num contexto de descarbonização e de aumento da demanda por eletricidade impulsionada pela inteligência artificial e pela digitalização da economia”, afirmou Marcelo Zanatta, presidente da Âmbar Energia.
A empresa dos irmãos Wesley e Joesley Batista, também controladora da JBS, vê na Eletronuclear uma fonte de receitas estáveis, graças aos contratos de longo prazo das usinas de Angra.
Segundo a Eletrobras, a venda gerou uma provisão de cerca de R$ 7 bilhões registrada no terceiro trimestre de 2025.