Pesquisadores da Embrapa, em parceria com a Universidade de Illinois (EUA), desenvolveram uma embalagem inteligente capaz de indicar quando o peixe está estragado por meio da mudança de cor. O segredo está no uso de pigmentos naturais chamados antocianinas, extraídos do repolho roxo, que mudam de tonalidade conforme o nível de acidez do ambiente.
Esses pigmentos foram incorporados em mantas feitas de nanofibras — materiais ultrafinos parecidos com tecido — produzidos a partir de restos de alimentos, o que contribui para a redução do desperdício. Essas mantas conseguem monitorar não só a acidez, mas também detectar compostos liberados e o crescimento de bactérias, fatores que indicam a deterioração do peixe e frutos do mar.
Nos testes laboratoriais com filés de merluza, a embalagem começou com cor roxa quando o peixe estava fresco. Após 24 horas, a cor enfraqueceu, e aos 48 horas apareceu um tom azulado acinzentado. Depois de 72 horas, a embalagem exibiu uma coloração azul, sinalizando que o peixe estava estragado. Essa mudança visível permite que consumidores acompanhem a qualidade do alimento em tempo real, sem precisar abrir a embalagem.
Para produzir essas mantas, os cientistas utilizaram a técnica de fiação por sopro em solução, que usa um gás comprimido para formar fibras muito finas depositadas em um coletor, gerando um material parecido com algodão. Esse processo é rápido, barato, eficiente e consome pouca energia, possibilitando produção em grande escala.
Ainda não há previsão para a chegada da embalagem inteligente ao mercado. Os pesquisadores afirmam que, apesar do sucesso nos testes com merluza, é necessário ampliar os estudos para garantir eficácia em outras espécies de peixe e frutos do mar.