Na manhã desta segunda-feira (2), uma empresa de assessoria financeira em Cuiabá teve seus serviços suspensos em uma ação conjunta da Polícia Civil, por meio da Delegacia Especializada de Defesa do Consumidor (Decon), e do Procon Municipal de Cuiabá. A empresa prometia aos consumidores descontos de até 90% no valor de dívidas e financiamentos.
Contra a empresa, já foram registrados 119 boletins de ocorrência de vítimas diferentes. Além disso, foram identificados mais de 200 processos judiciais contra o grupo no site do Poder Judiciário de Mato Grosso.
Com base nas denúncias, foi instaurado um inquérito policial na Decon contra o proprietário da empresa, gerentes, especialistas financeiros e até ex-funcionários. Eles são suspeitos de crimes contra as relações de consumo, associação criminosa, lavagem de dinheiro e outros ilícitos, com penas que podem ultrapassar 20 anos de prisão.
A empresa, que funcionava em Cuiabá desde 2020, inclusive aos sábados e feriados, é acusada de veicular propagandas enganosas em programas de TV para ganhar a confiança do público. Prometia grandes descontos em dívidas de cartão de crédito, empréstimos e financiamentos, mas não tinha um corpo técnico capaz de garantir essas negociações.
As investigações revelaram que a empresa oferecia descontos de até 90%, sem assegurar o resultado, já que as instituições financeiras não são obrigadas a aceitar as renegociações. Além disso, orientava os clientes a parar de pagar suas dívidas, o que resultava na negativação do nome e até na apreensão de veículos.
Segundo o delegado da Decon, Rogério Ferreira, aposentados, pensionistas e motoristas de aplicativos de transporte eram os principais alvos da empresa. Muitos tiveram seus veículos apreendidos ou foram obrigados a renegociar suas dívidas diretamente com os bancos.
O Procon Municipal de Cuiabá multou a empresa em mais de R$ 411 mil, e o Ministério Público Estadual protocolou uma ação civil pública, com base em informações fornecidas pela Delegacia do Consumidor e pelos Procons Estadual e Municipal. A Justiça também determinou a realização de contrapropaganda.
Em Mato Grosso do Sul, a empresa enfrenta mais de 160 processos judiciais e 200 reclamações no Procon Estadual, que a multou em mais de R$ 785 mil. A Justiça daquele estado também bloqueou R$ 500 mil em bens da empresa por propaganda enganosa e práticas abusivas.