A empresária Perinalva Dias Paiva passou 28 dias em coma após desenvolver uma intoxicação grave causada por soroterapia à base de vitamina D. O tratamento havia sido indicado por um médico para aliviar sintomas de cansaço, mas resultou em um quadro de hipervitaminose, quando o organismo acumula níveis excessivos de vitaminas, provocando lesões em órgãos vitais.

Segundo a filha, Polliana Pitombo, os primeiros sinais apareceram rapidamente: a urina escureceu, ganhou cor semelhante à de Coca-Cola e veio acompanhada de sangue. Em seguida, surgiram febre persistente, náuseas, dificuldade para andar e falência progressiva de funções corporais. “A cardiologista disse que o único órgão que estava funcionando ainda era meu coração”, relatou Perinalva ao Fantástico.

Médicos de diferentes especialidades atuaram no tratamento, diagnosticando que a sobrecarga de vitamina D havia afetado principalmente os rins, além de outros sistemas. Especialistas explicam que o excesso da substância aumenta a absorção de cálcio, que pode se acumular em órgãos como rins, coração e cérebro, gerando complicações graves como cálculos renais, nefrocalcinose e até intoxicação cerebral.

O gastro-hepatologista Raymundo Paraná, da Universidade Federal da Bahia, alerta que, embora essenciais, vitaminas podem se tornar tóxicas quando ingeridas além do necessário. Já o médico Drauzio Varella lembra que a suplementação deve ser feita apenas sob orientação adequada e, na maioria dos casos, por via oral: “Se não houver problema de absorção, desconfie de vitaminas injetáveis, especialmente em soro”.

O episódio reacendeu o debate sobre o mercado de suplementos no Brasil, que movimenta bilhões de reais ao ano, mas muitas vezes estimula o consumo indiscriminado e sem acompanhamento médico.