Nos bastidores da Câmara dos Deputados, a tramitação da proposta de anistia a participantes da chamada trama golpista tem avançado rapidamente. A articulação ganhou reforços recentes, como o do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), além de líderes do PL e do pastor Silas Malafaia, que negociam detalhes do texto com a família Bolsonaro e interlocutores próximos, incluindo o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP).
Segundo relatos de bastidores, o deputado Hugo Motta (Republicanos-PB) tem afirmado que, se houver votos suficientes e “clima ambiente”, não será possível impedir a votação da anistia. Líderes do centrão indicam que os votos para aprovar a medida, que exige maioria simples, sempre existiram, e que Motta apenas busca o momento ideal para evitar atritos com o STF. A expectativa é que a proposta seja colocada em votação dentro de duas semanas.
A principal discussão gira em torno do alcance da anistia. A ala mais radical, incluindo Eduardo Bolsonaro, defende uma versão “ampla, geral e irrestrita”, que poderia beneficiar tanto executores quanto planejadores dos atos, incluindo Jair Bolsonaro, podendo até reverter sua inelegibilidade. Por outro lado, o centrão pretende ajustar o texto final, restringindo seu alcance.
No Senado, o cenário é um pouco diferente, mas ainda favorável à anistia. O presidente da Casa, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), planeja apresentar e votar um texto alternativo ao proposto pelos bolsonaristas, buscando definir uma versão própria da medida.
Todo esse avanço ocorre enquanto o Supremo Tribunal Federal continua julgando a trama golpista, demonstrando a simultaneidade entre o debate jurídico e a movimentação política no Congresso.