Foto: Arte/TV Globo
Monday, 10 de November de 2025 - 14:48:50
Entenda por que o Sul do Brasil é a região mais suscetível à formação de tornados
CLIMA E FENÔMENOS EXTREMOS

A combinação entre umidade vinda da Amazônia, massas de ar frio da Argentina e o contraste térmico gerado pelo encontro dessas correntes transforma o Sul do Brasil na área mais propensa do país à formação de tornados. Esse choque de massas cria o chamado cisalhamento vertical do vento, ou seja, uma diferença na direção e na velocidade das correntes de ar em diferentes altitudes, que faz as tempestades girarem e pode originar redemoinhos de vento extremamente fortes.

Segundo o especialista Ernani Lima, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o processo começa cerca de 1.500 metros acima do solo, onde há o transporte de umidade conhecido como “rio atmosférico” — uma corrente que leva vapor d’água da Amazônia até o Sul do país. “Somado a isso, massas de ar polares cruzam os Andes trazendo ar frio e seco. O contraste entre essas massas favorece a formação de tempestades rotativas”, explica.

O meteorologista Francisco Eliseu, do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), reforça que a região funciona como um “corredor atmosférico”, onde os choques de ar acontecem com mais intensidade. “Quando há calor, umidade e ventos em direções e velocidades diferentes, o ar começa a girar — e esse giro pode evoluir para um tornado”, detalha.

Além das condições atmosféricas, o relevo do Sul também contribui. As planícies e as áreas próximas à Serra Geral facilitam o surgimento de correntes de ar ascendentes, que intensificam o fenômeno. A ocorrência é mais comum na primavera e no verão, quando o calor e o choque térmico são mais fortes.

Em 2024, Santa Catarina registrou mais de dez tornados confirmados em menos de quatro meses, o maior número do país, de acordo com a Epagri/Ciram. Cidades do Rio Grande do Sul, como Cruz Alta, Encantado e São Leopoldo, também foram atingidas por ventos superiores a 150 km/h, reforçando a vulnerabilidade da região aos eventos climáticos extremos.

Texto/Fonte: G1