Foto: Divulgação/Ascom PB
Tuesday, 17 de June de 2025 - 16:45:05
Entidades alertam para manobra que facilita pagamento de pessoal da saúde com emendas parlamentares
PROJETO DO CONGRESSO PODE ABRIR BRECHA PARA USO DE EMENDAS EM PAGAMENTO DE SALÁRIOS NA SAÚDE

Um projeto assinado pelas Mesas da Câmara e do Senado, com apoio do presidente do Congresso, Davi Alcolumbre (União-AP), está sendo criticado por técnicos e entidades da área da saúde por permitir o uso de emendas parlamentares para pagamento de salários de profissionais ativos da saúde. Atualmente, a Constituição Federal proíbe que emendas sejam usadas para despesas com pessoal, e o Tribunal de Contas da União (TCU) mantém decisão que veda essa prática — ainda que suspensa e em análise.

A proposta autoriza o uso de emendas de comissão e de bancada para cobrir gastos com salários, mas veda as individuais. Técnicos afirmam que, apesar de ilegal, essa manobra já é feita por gestores municipais para driblar restrições. Com a formalização dessa norma, haveria risco de maiores desvios no uso dos recursos, já que ao pagar salários com emendas, recursos que seriam destinados a esses pagamentos ficam livres para outras despesas menos transparentes.

Marina Atoji, diretora da Transparência Brasil, avalia que o projeto funciona como uma burla às decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) e reforça a dependência da política de saúde municipal das emendas parlamentares. Um técnico ouvido reservadamente aponta que a proposta amplia o poder de interferência dos parlamentares na administração local.

Interlocutores do STF também consideram que a proposta pode dificultar o rastreamento dos recursos, pois as emendas entram nos fundos municipais de saúde, tornando seu destino menos transparente.

Entre os signatários, o deputado Elmar Nascimento (União-BA) defende a medida como uma antiga demanda dos prefeitos, alegando amplo apoio parlamentar. Já governistas admitem que não há força política no momento para barrar a proposta, que conta com o respaldo do presidente do Senado.

Texto/Fonte: G1