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Friday, 24 de October de 2025 - 09:10:42
Especialistas alertam para aumento dos transtornos e destacam estratégias de controle
ANSIEDADE: TIPOS, TRATAMENTOS E IMPACTO DAS TELAS NA SAÚDE MENTAL

O número de afastamentos do trabalho por transtornos de ansiedade cresce de forma expressiva no Brasil. Segundo o Ministério da Previdência Social, em 2021, 49 mil pessoas ficaram longe do emprego por esse motivo; em 2025, apenas até junho, mais de 81 mil já haviam entrado em licença médica. A ansiedade pode surgir em diversas formas e afetar a vida afetiva, profissional e social, sendo necessária a avaliação de diferentes especialistas antes de um diagnóstico preciso.

Quando a ansiedade se torna patológica
Sentir frio na barriga ou expectativa antes de provas, entrevistas ou eventos é natural. Mas quando a ansiedade se mantém constante e prejudica sono, relacionamentos e desempenho diário, torna-se patológica. O psicólogo Alexandre Coimbra Amaral compara a ansiedade a uma “ladra de momentos presentes”, que impede o indivíduo de viver o presente. Casos como os de Natália Oliveira e Dayane Lopes ilustram como a ansiedade pode gerar sintomas físicos intensos, como falta de ar, taquicardia e crises de vômito, além de interferir na rotina.

A psiquiatra Camila Magalhães Silveira explica que a ansiedade patológica se caracteriza por preocupações persistentes, interferindo no corpo, no sono e nas relações. O psiquiatra Márcio Bernik alerta que, em casos graves, a pessoa pode se tornar incapaz de realizar atividades comuns, como se deslocar até o trabalho.

Tipos de ansiedade
Entre os transtornos mais comuns estão:

  • Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG): preocupação constante com compromissos e desempenho.

  • Fobia social ou específica: medo de interações sociais, lugares fechados ou falar em público.

  • Transtorno do pânico: crises intensas e episódicas de medo.

O eixo hipotálamo-hipófise-adrenal libera cortisol em excesso durante a ansiedade, gerando sintomas como taquicardia, insônia e irritabilidade. A falta de serotonina também contribui para alterações de humor, e muitos pacientes com ansiedade podem desenvolver depressão.

Influência das telas
O brasileiro passa em média 9 horas por dia conectado a dispositivos digitais, elevando o estado de alerta do cérebro e aumentando a vulnerabilidade à ansiedade. Entre 2014 e 2024, atendimentos relacionados a transtornos de ansiedade no SUS cresceram mais de 1.500% em crianças de 10 a 14 anos e mais de 3.000% em adolescentes de 15 a 19 anos, coincidindo com a popularização dos celulares. Pesquisas mostram que a amígdala, região cerebral ligada ao medo e às emoções, se torna mais ativa, reforçando sintomas ansiosos na infância e adolescência.

Tratamentos e estratégias de controle
O primeiro passo é procurar um médico, que poderá indicar medicações e terapias adequadas. Terapias comunitárias e cognitivo-comportamentais (TCC) são essenciais para compreender e enfrentar a ansiedade. Mudanças no estilo de vida — como alimentação equilibrada, sono regular e exercícios físicos aeróbicos intensos — complementam o tratamento.

Mindfulness e respiração diafragmática são técnicas eficazes para reduzir os sintomas, trazendo atenção para o presente e diminuindo a dispersão mental. Exercícios simples de respiração, inspirando em três tempos, segurando e soltando em seis, ajudam a controlar a ansiedade ao longo do dia.

Segundo especialistas, lidar com ansiedade exige atenção ao corpo, à mente e ao ambiente social, e reconhecer os sintomas precocemente pode prevenir complicações futuras, incluindo depressão.

Texto/Fonte: G1