O Brasil corre risco de enfrentar um “apagão” na máquina pública a partir de 2027, segundo especialistas em contas públicas ouvidos pelo g1. O cenário é impulsionado pelo aumento das despesas obrigatórias e pela rigidez do novo arcabouço fiscal, que limita o crescimento das despesas a 2,5% ao ano, mesmo com arrecadação crescente.
De acordo com analistas, para evitar o colapso nos chamados “gastos livres” — como investimentos em infraestrutura, bolsas de pesquisa, fiscalização ambiental e programas sociais — o governo federal e o Congresso precisam aprovar reformas estruturais urgentes. Sem elas, os recursos para essas áreas devem chegar a zero em dois anos.
Entre as medidas defendidas estão a desvinculação de benefícios previdenciários e assistenciais do salário mínimo, a redução de isenções fiscais, mudanças no piso de investimentos obrigatórios em saúde e educação, além de uma reforma administrativa para cortar despesas com pessoal. Especialistas também apontam a necessidade de revisar o seguro-desemprego, o abono salarial e ampliar a base do Imposto de Renda, reduzindo isenções que beneficiam os mais ricos.
O risco é agravado pela derrubada, pelo Congresso, do decreto que aumentava o IOF, o que obrigará o governo a contingenciar mais R$ 12 bilhões para cumprir a meta de déficit zero neste ano.
Além disso, a derrubada de vetos legislativos a “jabutis” inseridos em leis do setor elétrico poderá elevar a conta de luz dos brasileiros em até 3,5%, gerando impacto de até R$ 525 bilhões até 2050, segundo cálculos do governo.
Para o Banco Mundial, a estrutura fiscal brasileira é insustentável sem reformas, devido à indexação automática de benefícios e à transição demográfica. O órgão defende uma nova reforma previdenciária e a consolidação de benefícios sociais para simplificar o sistema e conter a trajetória de endividamento.