Foto: Marcelo Camargo
Wednesday, 15 de October de 2025 - 14:53:57
Estatal busca empréstimo de R$ 20 bilhões para equilibrar contas e retomar operações
CRISE FINANCEIRA NOS CORREIOS

Os Correios estão negociando um empréstimo de R$ 20 bilhões com instituições financeiras para tentar recuperar a liquidez e estabilizar o fluxo de caixa da empresa, que acumula 12 trimestres consecutivos de prejuízo. O anúncio foi feito pelo presidente Emmanoel Schmidt Rondon, que assumiu o cargo há menos de um mês.

Segundo Rondon, o contrato de crédito ainda está em fase de negociação. “Precisamos recuperar a liquidez da empresa para ter capacidade de pagar o Plano de Demissão Voluntária (PDV). Estamos fazendo uma operação com bancos para captação de recursos”, afirmou.

A estatal registrou um prejuízo de R$ 4,3 bilhões no primeiro semestre de 2025 — mais que o triplo do resultado negativo do mesmo período do ano anterior. Durante 2024, os Correios consumiram R$ 2,9 bilhões de suas reservas em caixa e aplicações financeiras, o equivalente a 92% do total disponível no ano anterior.

A falta de recursos levou a atrasos em repasses a fornecedores, agências franqueadas e planos de saúde, além de paralisações parciais de transportadoras contratadas. Parte dessas dificuldades já vinha sendo enfrentada na gestão anterior, quando a empresa contratou um empréstimo emergencial de R$ 1,8 bilhão.

O plano atual de reestruturação dos Correios foi dividido em três eixos: corte de despesas, diversificação de receitas e recuperação da liquidez. Entre as medidas, estão a abertura de um novo PDV, a venda de imóveis ociosos e a renegociação de contratos com grandes fornecedores.

A empresa também pretende lançar novos produtos e ampliar sua presença digital, com o lançamento de um marketplace próprio ainda em 2025. Outras ações incluem a redução da jornada de trabalho, suspensão temporária de férias, e retorno obrigatório ao trabalho presencial.

Documentos internos obtidos pelo g1 mostram que a gestão financeira admitiu a postergação de diversos pagamentos “para preservar a liquidez”. Entre as obrigações atrasadas estão repasses ao plano de saúde Postal Saúde (R$ 363 milhões), ao fundo de pensão Postalis (R$ 138 milhões), dívidas tributárias e valores devidos a fornecedores e franqueadas.

O presidente Rondon afirmou que as medidas emergenciais adotadas anteriormente não surtiram efeito duradouro e prometeu que o novo plano trará uma reestruturação profunda. “As ações passadas foram paliativas; agora buscamos um impacto real e sustentável”, declarou.

Texto/Fonte: G1