Foto: Arquivo/Pesquisadora
Monday, 03 de November de 2025 - 11:10:37
Estudo analisa efeitos da Psychotria ipecacuanha no controle da coagulação sanguínea
PESQUISA EM MT INVESTIGA PLANTA AMAZÔNICA COM POTENCIAL PARA NOVOS ANTICOAGULANTES

Pesquisadores de Mato Grosso e do Rio de Janeiro investigam o potencial da Psychotria ipecacuanha, conhecida como poaia ou ipeca, para o desenvolvimento de novos anticoagulantes e fitoterápicos voltados à saúde cardiovascular. Tradicionalmente usada como emético e antiparasitária, a planta agora é estudada por sua ação anticoagulante e antiplaquetária em testes laboratoriais.

O projeto é coordenado pela professora Celice Alexandre Silva, da Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat), com colaboração dos professores Douglas Siqueira Chaves e Flavia Fratani, da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). A pesquisa faz parte do edital Fapemat nº018/2022-Biológicas, que busca explorar o potencial farmacológico de espécies nativas do Brasil.

Estudos anteriores identificaram dois alcaloides relevantes na planta, emetina e cefalina, conhecidos por suas propriedades citotóxicas, antiparasitárias e expectorantes. Pesquisas recentes indicam que esses compostos interferem na coagulação sanguínea, especialmente na via intrínseca, diminuindo a formação de coágulos de forma dependente da dose.

O estudo busca fracionar os extratos da planta para determinar se a atividade anticoagulante é resultado de um único princípio ativo ou de uma ação combinada de vários compostos. A pesquisa também enfatiza a importância da biodiversidade brasileira como fonte de inovação científica, lembrando outras plantas da família Rubiaceae utilizadas na farmacologia, como Cinchona officinalis e Uncaria tomentosa.

O foco atual é desenvolver uma formulação para uso in vivo, utilizando a emetina como substância ativa, além do extrato de poaia, com o objetivo de criar um novo fitoterápico brasileiro.

A pesquisadora alerta, entretanto, para os riscos do uso da planta: “A emetina, principal alcaloide ativo, é tóxica em doses elevadas e pode causar náusea intensa, arritmias cardíacas e insuficiência respiratória. O uso popular deve ser feito com extrema cautela e nunca como automedicação. Além disso, a coleta da planta em ambiente natural é restrita, pois é considerada ameaçada de extinção em algumas regiões do país”.

Texto/Fonte: Secom MT