Uma nova estimativa realizada por pesquisadores da Universidade de Castilla-La Mancha, em conjunto com outras quatro instituições, revelou que dar pelo menos 7 mil passos por dia pode reduzir significativamente os sintomas de depressão. A conclusão surgiu após uma revisão de 33 estudos, realizados entre julho de 2023 e maio de 2024, que analisavam a relação entre atividade física e saúde mental.
A escolha da contagem de passos como medida foi estratégica, segundo os cientistas, por se tratar de uma métrica simples e intuitiva, acessível à maioria das pessoas por meio de pedômetros ou acelerômetros. Os dados analisados indicaram uma variação de passos diários entre 2.931 e 10.378 nos grupos estudados, permitindo aos pesquisadores estabelecer um ponto de corte com base em 7 mil passos para observar mudanças relevantes nos quadros depressivos.
De acordo com os resultados, ao atingir os 7.500 passos por dia, a melhora nos sintomas de depressão chegou a 42%. Além disso, foi constatado que, para cada mil passos adicionados à rotina diária, os benefícios aumentam em média 9%, reforçando a importância da atividade física contínua para a saúde mental.
A depressão, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), é um transtorno mental comum que pode afetar profundamente a rotina das pessoas. Ela pode ter causas físicas, biológicas e psicológicas e costuma ser desencadeada ou agravada por situações como traumas, luto ou desemprego. A Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) estima que cerca de 300 milhões de pessoas vivam com a condição no mundo, classificando-a como a principal causa de incapacidade global.
No Brasil, o cenário é especialmente preocupante. O país é apontado como o mais depressivo da América Latina. Em 2024, foram registrados 113.604 afastamentos por depressão e outros 52.627 por depressão recorrente. O estado de São Paulo lidera esses números, com 30.535 licenças médicas emitidas por conta da doença.
A pesquisa reforça o valor de medidas simples, como caminhar diariamente, no enfrentamento à depressão. A comparação entre caminhar e correr, por exemplo, ainda que não tenha sido o foco principal do estudo, ajuda a mostrar como diferentes níveis de esforço físico podem impactar o gasto energético — e, consequentemente, a disposição e o bem-estar psicológico.